Afinal, o Montepio tem ou não de mudar de marca?
O Montepio tem de mudar de marca. Ou será que não? Têm sido assumidas posições contraditórias tanto no regulador como na administração do banco. A decisão deverá ser conhecida até ao final deste mês.
O Montepio tem de mudar a marca. Ou será que não? Os reguladores têm ao longo dos anos apelado para que haja uma maior diferenciação entre o banco e o seu único acionista, a Associação Mutualista. Assim, quando os clientes vão ao balcão não haverá o risco de confundirem os produtos vendidos pelas duas entidades. Mas tem havido muitas posições contraditórias. Tanto do lado do banco, como do Banco de Portugal (BdP). Afinal, a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) terá de mudar de nome para não se confundir com a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG)?
“Penso que basta a situação atual para justificar que é mesmo necessário uma mudança de marca”, afirmou Félix Morgado, que passa agora a pasta a Carlos Tavares, em entrevista ao ECO24, uma vez que é importante que os clientes percebam a diferença quando estão a subscrever produtos do Montepio ou da Associação. “Basta ouvir comentadores, políticos e até o primeiro-ministro para se perceber que é urgente separar porque não se percebe de quem falam”.
No Parlamento, António Costa, quando confrontado pelo líder parlamentar do PSD em relação às contas do Montepio, afirmou que esses esclarecimentos não devem ser feitos pelo Governo, mas pelo Banco de Portugal. “Não estou a falar do banco, mas da Associação Mutualista”, afirmou então Fernando Negrão.
Os produtos da Mutualista, apesar de terem características semelhantes aos depósitos, não o são e não estão cobertos pelo Fundo de Garantia de Depósitos em caso de perdas motivadas por problemas na instituição. Mas o gestor deixa claro: esta ideia não foi sua. “Há uma determinação do BdP, em 2015, para haver uma diferenciação e uma separação de marcas”, disse Félix Morgado. E já foram tomadas várias medidas: mudança da imagem dos balcões, criação de um espaço próprio para o atendimento dos associados e foi ainda alterada a sinalética que existe relativamente às áreas de negócio. Isto além de estudos para a mudança da marca.
"Penso que basta a situação atual para justificar que é mesmo necessário uma mudança de marca. É importante que os clientes percebam que quando entram e fazem um depósito na Caixa Económica estão a fazer um depósito na Caixa Económica e quando estão a subscrever qualquer outro produto da Associação Mutualista estão a subscrever um produto da Associação Mutualista.”
Mas, há cinco meses, o gestor mostrou alguma cautela. Numa conferência de imprensa, Morgado afirmou que o plano estava a ser executado, mas destacou que a marca Montepio “tem um valor muito importante” e “faz parte da força da instituição no mercado”, pelo que esta questão teria de ser “tratada com muito cuidado”. Na mesma altura, deixou também claro que esta é uma matéria do acionista.
Dentro do banco liderado por Carlos Costa já foram assumidas diferentes posições. No início do ano passado, fonte oficial do BdP disse ao Expresso (acesso pago) que existia muita confusão por parte dos clientes e que era preciso tornar clara a separação dos dois universos. Era, por isso, “fundamental a mudança de marca”.
É fundamental a mudança da marca [Montepio].
Agora, um ano depois, o diretor de supervisão prudencial do BdP, apesar de considerar fundamental que os clientes percebam os riscos associados aos produtos da Associação Mutualista e da Caixa Económica, afirmou que isso não implica necessariamente a alteração das marcas.
“Não determinamos que necessariamente alterasse a marca, até porque existem determinadas sinergias que importa ponderar”, referiu Luís Costas Ferreira, no Parlamento, na comissão de Orçamento e Finanças. O responsável disse que a preocupação do supervisor é que os clientes “que adquirem determinados produtos percebam a natureza do produto e os riscos associados”.
A posição tanto da Mutualista como do regulador terá de ficar mais clara em breve. Segundo Félix Morgado, a decisão sobre a mudança de marca terá de ser tomada até este mês. E está tudo nas mãos do acionista. Contudo, o ex-presidente do banco deixou um alerta: “É evidente que se o acionista decidir não mudar isso terá depois consequências, em termos de risco e, em termos de necessidades de capital impostas pelo regulador“. Contactado pelo ECO, o BdP não quis comentar ou explicar se é possível que venha a exigir mais capital ao Montepio caso a Associação decida manter tudo como está.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Afinal, o Montepio tem ou não de mudar de marca?
{{ noCommentsLabel }}