Francisco Lacerda, o presidente dos CTT, diz que está quase tudo pronto para arrancar com a oferta de crédito à habitação, prometendo um produto "simples e com custos baixos".
Os CTT estão a revelar resultados em queda, mas os dividendos estão garantidos. A culpa é do Banco CTT que vai continuar a pesar nas contas, ao mesmo tempo que continua a crescer na sua oferta: depois de depósitos e crédito ao consumo, o crédito à habitação vem no arranque do próximo ano com “custos baixos”, diz Francisco Lacerda. Vai trazer mais clientes, mas o banco também continua atento a oportunidades para comprar ativos com clientes associados.
Os CTT apresentaram resultados líquidos mais baixos. O Banco CTT voltou a pesar. Até quando continuará a castigar as contas?Repito o que dissemos no Capital Markets Day há um ano: a expectativa é atingir o break-even do Banco CTT na viragem do ano de 2017 para 2018. Não queremos dizer diferente.
Em termos de liquidez, há uma quebra. Os investidores podem estar seguros sobre os dividendos?Sim, sim. E concretamente em relação a este próximo, avançamos já ao dizer que estamos confiantes a propor — esta redação é porque ainda não é altura de tomar a decisão formal – um dividendo de 48 cêntimos por ação que é um aumento de 2% face aos 47 cêntimos pagos relativamente a 2015.
Como tem visto a reação do mercado aos CTT?Não posso comentar a evolução das ações. Tem a ver com perceções e expectativas sobre Portugal e os próprios CTT.
A perceção não é a mais correta?Não lhe posso dizer isso. Se o fizesse estava a dar uma recomendação.
O negócio dos correios continua em queda. Quando vai estabilizar?Nós temos três atividades: correios, expresso e encomendas, serviços financeiros e banca. O primeiro está num declínio estrutural que vai continuar. Desde o tempo da privatização dizíamos que o declínio estrutural levará a uma quebra entre 3% e 5% do correio endereçado ao ano. Não vemos razões para dizer diferente. Este ano, nos nove meses, vamos com uma queda de 3,1%.
Relativamente aos produtos financeiros, teme um impacto negativo do fim do prémio nos certificados de aforro?2015 foi um ano forte [na subscrição de certificados], mas 2016 também vai ser forte. A diferença entre os dois anos não é um ser forte e o outro não ser. É num metade da colocação ter acontecido numa quinzena de janeiro e no outro está a acontecer normalmente ao longo do ano. Na comparação, no primeiro trimestre faz grande diferença, no segundo faz diferença e no terceiro ainda faz. Quando tivermos os 12 meses…
Isso é um aspeto que nem sempre conseguimos transmitir claramente. 2016 está a ser tão forte quanto 2015. O que vemos do interesse dos clientes e da população pelos produtos de dívida pública portuguesa e, por exemplo, estas obrigações que foram colocadas aos balcões do bancos, não fizeram reduzir a procura pelos certificados aos balcões dos CTT. Há um interesse permanente e, talvez, crescente, de continuar a colocar uma percentagem, eventualmente crescente, da dívida pública junto do retalho nacional. Portanto, independentemente de o produto estar a chegar ao fim da série… a tendência geral vai ser uma tendência forte neste mercado.
"Nós temos três atividades: correios, expresso e encomendas, serviços financeiros e banca. O primeiro está num declínio estrutural que vai continuar. Desde o tempo da privatização, dizíamos que o declínio estrutural levará a uma quebra entre 3% e 5% do correio endereçado ao ano.”
Acredita que os CTT manterão a comercialização dos produtos do IGCP?
Os contratos, de tempos a tempos, chegam ao fim. E têm de ser renovados. Mas nós vendemos certificados há 50 anos. Não vemos razões para deixar de o fazer. Penso que do lado do IGCP há o mesmo ponto de vista.
Com os CTT a venderem certificados, o Banco CTT pode vender OTRV?Quem sabe. Talvez no futuro. No Banco CTT não colocamos nenhum produto do mercado de capitais. Hoje não o estamos a fazer. Durante os próximos tempos não o faremos, mas de futuro, porque não?! É mais um produto a juntar ao leque de produtos interessantes que temos.
CTT já tem depósitos e crédito ao consumo. Quando arranca o crédito à habitação?Sempre dissemos que seria na viragem do ano para 2016/2017. É mais provável que seja no início de 2017 porque o último mês do ano não é o melhor para lançar esse tipo de produtos, mas as coisas estão a ser finalizadas.
Está tudo pronto?Sempre dissemos que seria na viragem do ano para 2016/2017. É mais provável que seja no início de 2017 porque o último mês do ano não é o melhor para lançar esse tipo de produtos, mas as coisas estão a ser finalizadas.
É um processo que envolve muitas frentes e está a correr bem. Está a ser gerido como habitualmente gerimos esses processos. As coisas estarão prontas no devido tempo.
Vão ser competitivos? Vão ter spreads baixos?O posicionamento geral do banco é o de ser um banco de produtos simples e com custo baixos. Mas isso não quer dizer ter hiper agressividade em produto nenhum. Sobre o crédito à habitação, ainda é cedo para estar a dizer alguma coisa em concreto, mas obviamente estará dentro deste panorama geral.
Como vê o que está a acontecer no crédito à habitação?Prefiro não comentar nada tão específico nesta fase.
O Banco CTT também vai apostar nas empresas? Quando?Não temos um horizonte para o fazer. Não digo que não o vamos fazer, mas não temos um horizonte para o fazer.
O Banco CTT pode entrar em processos de consolidação? Para conquistar clientes...Sempre dissemos que olharíamos para hipóteses de compras de carteiras de ativos com clientes a eles ligados. Esse posicionamento mantém-se.
Há carteiras que interessam aos CTT?Pode haver. Mas são processos vários que andam por aí. E já muitos passaram porque não tínhamos interesse e outros haverá que tenhamos interesse.
E o Novo Banco? Como vê o processo de venda?Não temos nada a ver. Está noutra escala. Nós não temos escala para o Novo Banco. Não estamos minimamente envolvidos nesse processo.
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Banco CTT vai ter crédito à habitação com “custos baixos”
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