FMI: Investimento público de Portugal é o mais baixo entre economias avançadas
Segundo o Fundo Monetário Internacional, o investimento público de Portugal é o mais baixo entre as economias avançadas. E esse investimento não está a compensar a depreciação do que já existe.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem criticado Portugal pelos cortes no investimento público para baixar o défice. No Fiscal Monitor divulgado esta quarta-feira há um gráfico que compara o país entre as economias avançadas: o investimento público português foi o mais baixo entre os países avançados. Uma das consequências desse nível de investimento em ativos não financeiros é que não chega para compensar a depreciação dos níveis de ativos existentes.
“Em diversos países, os gastos com investimento têm sido insuficientes para compensar a depreciação“, afirma o FMI, mostrando um gráfico onde destaca Portugal pela negativa: por um lado, tem o investimento público mais baixo, em percentagem do PIB, entre as economias avançadas; por outro lado, a depreciação é superior ao novo investimento. Contudo, é preciso realçar que os dados são de “2016 ou os últimos” disponíveis. Não é claro se o número para Portugal é o de 2016 ou de 2017. A fonte do gráfico são as próprias estatísticas compiladas pela equipa do Fundo Monetário Internacional.
A vermelho está o investimento líquido da depreciação. Em suma, segundo o FMI, esse cálculo passa por subtrair à formação bruta de capital fixo (FBCF) o consumo do capital fixo e as mudanças nos inventários. Esta dificuldade da economia portuguesa de investir mais do que a depreciação dos ativos já existentes tem sido alvo de alerta nos últimos anos. No ano passado, no boletim económico de maio, o Banco de Portugal referia que os níveis de investimento são “insuficientes para compensar a depreciação do capital instalado”.
Ou seja, o novo investimento não compensa o desgaste natural do que já existe, o que resulta num défice na reposição do stock de capital de Portugal. Isto também significa que a economia portuguesa tem menos capital para afetar aos processos produtivos que podem impulsionar o PIB. Assim diminuiu a capacidade produtiva do país. Contudo, ressalve-se que é difícil apurar a dimensão da depreciação dos ativos e que há divergências na forma de a calcular.
O que recomenda o FMI? “As economias avançadas deveriam focar-se em procurar obter ganhos eficiência nos gastos e racionalizar os recursos para criar espaço para aumentar o investimento público, os incentivos para a participação no mercado de trabalho e melhorar na qualidade dos serviços educativos e de saúde”, lê-se no relatório da responsabilidade do Departamento dos Assunções Orçamentais, que é liderada pelo ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar. O Fundo recomenda investimento em infraestruturas digitais e na cibersegurança.
“O ajustamento orçamental recente em alguns países não tem necessariamente de dar prioridade a medida amigas do crescimento como ilustrado pela diminuição dos gastos com investimento público em percentagem do PIB entre as economias avançadas e os exportadores de mercadorias”, afirma ainda o FMI, criticando os países que cortaram no investimento público para reduzir o défice. O Fundo refere países que fizeram esforços para expandir o investimento para ajudar o crescimento económico, mas não refere Portugal — o elogio vai para a Grécia e a Noruega.
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