Farfetch quer faturar mil milhões. E a bolsa?
José Neves, presidente da Farfetch, a única startup avaliada em mil milhões de dólares, quer fechar 2017 com vendas do mesmo montante. Ao ECO, diz que o objetivo é ser número um a nível mundial.
A Farfetch, empresa global de comércio eletrónico de moda luxo, quer “ser o número um a nível mundial” dentro de cinco anos. A afirmação é de José Neves, fundador e presidente da empresa que reconhece, numa conversa com o ECO, querer superar a fasquia de mil milhões de euros de receitas no próximo ano. Mas também dá conta da ambição de colocar o unicórnio em bolsa. Mas “não temos previsões de uma data”.
O crescimento da Farfetch está bem presente nos números da empresa. A Farfetch vai fechar 2016 comum volume de vendas da ordem dos 800 mil dólares (721 milhões de euros), um crescimento de 60% face ao exercício de 2015. José Neves refere que “este crescimento será para manter em 2017 pelo que iremos ultrapassar a fasquia dos mil milhões de dólares (901 milhões de euros)”.
Este crescimento será para manter em 2017 pelo que iremos ultrapassar a fasquia dos mil milhões de dólares
Apesar destes números serem impressionantes, a Farfetch a nível global não apresenta ainda lucros: ” a Farfetch Portugal dá lucro há vários anos, pagamos IRC, algumas das empresas do grupo são rentáveis mas de uma forma consolidada ainda não atingimos o break-even“. José Neves não se mostra preocupado com este dado até porque explica: “isto é o resultado de um plano de investimento que os nossos investidores aprovaram”.
Mas os resultados líquidos não são os únicos números que a empresa não divulga. O montante de investimentos e até onde consolidam as contas está também no ‘segredo dos deuses’. Para o fundador da Farfetch, quando “as empresas são privadas, e não estão cotadas em bolsa, têm a grande vantagem de não dar aos concorrentes de mão beijada certas informações. Queremos manter essas vantagens competitivas em relação aos nossos concorrentes que já estão registados em bolsa e portanto são obrigados a divulgar essa informação”.
A empresa é a única em Portugal a ser considerada unicórnio, uma denominação para as startups avaliadas em mais de mil milhões de dólares. Para isso terão contribuído os mais de 300 milhões de dólares (270 milhões de euros) angariados em seis rondas de investimento.
José Neves diz que ” a nossa última ronda foi estratégica, não precisávamos de capital, mas precisávamos de investidores no sudeste asiático, uma região que representa 26% do total das nossas vendas“.
Rondas de investimento à parte, a empresa está agora com os olhos postos no mercado de capitais apesar de José Neves garantir que ainda “não temos previsões de uma data para entrar na bolsa, sabemos que vai acontecer nos próximos anos e estamos a preparar-nos“.
Não temos previsões de uma data para entrar na bolsa, sabemos que vai acontecer nos próximos anos e estamos a preparar-nos
Apesar de não adiantar o ano em que a Farfetch passará a ser cotada, é claro para José Neves que a praça financeira será Nova Iorque. “Faz todo o sentido que seja Nova Iorque, uma vez que os Estados Unidos são o nosso maior mercado e é simultaneamente o maior mercado financeiro do mundo para tecnológicas”.
Londres, onde a empresa tem a sede está para já fora de questão. O fundador da tecnológica garante que “essa decisão é independente do Brexit” ainda que reconheça que “o impacto do Brexit no mercado financeiro londrino é uma incógnita completa”. Sobre eventuais impactos na empresa, Neves diz que “positivo, o Brexit não, é com certeza“. Ainda assim, a Farfetch não equaciona alterar a sede da empresa. “Hoje em dia isso não é assim tão importante. O nosso maior receio tem a ver com o acesso ao talento”.
Assumidamente uma empresa global, a Farfetch tem onze escritórios espalhados por outras tantas cidades (Los Angeles, Nova Iorque, São Paulo, Londres, Guimarães, Porto, Lisboa, Moscovo, Xangai, Hong Kong e Tóquio). José Neves destaca o facto de “vendermos para todo o lado, mas agora temos previsto uma expansão a nível do médio oriente, onde iremos criar um site em árabe”. Os mercados com maior peso no grupo são os Estados Unidos, Reino Unido, China, Japão, Brasil e Rússia.
Com 1.200 colaboradores, 630 dos quais em Portugal, a Farfetch prevê contratar mais 300 engenheiros até ao final de 2017.
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