Portugueses têm vontade de criar negócios, mas só um em cada três arrisca

Estudo realizado em 44 países nota que existe vontade de os portugueses empreenderem. No entanto, apenas um pequeno grupo passa da ideia à prática.

Quase seis em cada 10 portugueses (56%) queria empreender mas apenas uma minoria leva a ideia avante, sobretudo devido a dificuldades com impostos e regulamentação, assim como pelo difícil acesso a financiamento. A conclusão é do Amway Global Entrepreneurship Report 2018, um estudo realizado em 44 países (Portugal incluído).

De acordo com os resultados do estudo, 84% dos inquiridos assumem dificuldades relacionadas com fatores externos, como impostos e regulamentação e, ainda que exista a vontade de criar negócios em nome individual, “apenas 35% dos portugueses estão dispostos a correr o risco de o fazer”. Ainda assim, o desejo de empreender é demonstrado por 56%, mais 11% do que no relatório anterior.

“A confiança de empreender teve também um significativo aumento de dez pontos percentuais, registando 49% este ano. Além disso, 53% dos portugueses assumem também que não permitem que as suas relações sociais os demovam dos objetivos empreendedores”, explica a Amway em comunicado.

Realizado em parceria com a Escola de Negócios da Universidade Técnica de Munique e a empresa de estudos de mercado Gfk, o relatório foca-se nas principais tendências a nível global, relacionadas com o empreendedorismo. Nesta 8.ª edição do estudo, as perguntas colocadas aos cerca de 48.000 participantes estiveram relacionadas com “O que impulsiona o espírito empreendedor” e que fatores externos e internos podem ser benéficos ou prejudiciais à criação de um negócio próprio. Entre os países participantes estão a Alemanha, Bélgica, Brasil, China, Colômbia, Índia, Japão, Roménia, África do Sul e Suíça, entre outros.

De acordo com os resultados, quando comparados com a média mundial e europeia, Portugal apresenta resultados superiores. Face ao desejo de empreender, a média mundial ficou nos 49% e a europeia nos 41%, enquanto a confiança para o fazer ficou nos 43%, e nos 37%, respetivamente.

“O crescimento que este ano se verificou nas intenções empreendedoras dos portugueses e na sua confiança, comparativamente a outros países da Europa, é particularmente notável tendo em conta que ainda no ano passado os mesmos valores estavam significativamente abaixo da média Europeia. Os resultados do relatório AGER 2018 refletem, mais do que uma melhoria da situação económico-financeira, um maior otimismo dos portugueses quanto ao horizonte socioeconómico de médio prazo e às suas próprias capacidades para empreender“, explica Rui Baptista, orientador científico da Amway Global Entrepreneurship Report, acrescentando que “as três variáveis da métrica AESI tiveram uma pontuação mais alta que a média global e europeia, e é notório que os Portugueses de ambos os sexos se sentem mais motivados para empreender e criar projetos que contribuam para desenvolvimento económico do país”.

Do exterior para o interior

De acordo com os resultados do estudo, os fatores externos influenciam a criação de negócios: a maioria dos portugueses destaca questões relacionadas com disponibilidade de informação e ferramentas. Assim, 52% considera que existem meios tecnológicos que proporcionam iniciativas de empreendedorismo com maior facilidade e, 43%, sublinha que o sistema educacional já fornece as ferramentas necessárias para a criação de negócios.

Em comparação com os resultados obtidos a nível mundial e europeu, a tendência não difere, com pequenas diferenças percentuais em termos de disponibilidade tecnológica (48% a nível mundial e 44% a nível europeu). Quanto ao sistema educacional, a média mundial é de 40% e a europeia, 36%. No entanto, nos fatores colocados em terceiro lugar, os resultados são bastante divergentes: se, por um lado, o mundo e a Europa consideram que a situação económica local é atualmente benéfica (36% e 29%, respetivamente), em Portugal, esta escolha é colocada em 5.º lugar e defendida apenas por 15% dos inquiridos. Em contrapartida, na quarta posição os portugueses colocam questões relacionadas com impostos e regulamentação (84%).

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