As FAQ das Eleições Presidenciais

  • Juliana Nogueira Santos
  • 8 Novembro 2016

No dia da eleição mais importante dos últimos tempos ainda tem dúvidas acerca do que se vai passar? Consulte aqui as perguntas mais frequentes.

Os norte-americanos decidem, esta terça-feira, quem querem ver sentados na Sala Oval nos próximos quatro anos. A escolha resume-se a dois candidatos, cada um pelo seu partido, Hillary Clinton pelo Partido Democrata e Donald Trump pelo Partido Democrata. No entanto, o processo não é assim tão simples.

O caminho começou já em 2015 com os anúncios de candidatura, primeiro Clinton e depois Trump, sendo que o segundo teve muito mais impacto mediático. Era a primeira vez que alguém fora do círculo político de Washington se estava a candidatar ao lugar mais importante do planeta, ainda para mais sendo um magnata do imobiliário com um reality show e posições pouco ortodoxas.

Do outro lado, uma ex-primeira dama, secretária de estado e concorrente de Obama na representação democrata na presidenciais de 2008, marcada pelos escândalos sexuais da administração do marido, Bill Clinton.

Desde então somaram-se as curvas e contracurvas ao caminho dos dois, desde às primárias até aos debates, passando pelos diversos escândalos que não deixaram de fazer primeira página nos meios de comunicação e que têm transformado as sondagens em cata-ventos.

As sondagens do The Washington Post são a prova gráfica da indecisão que marcou esta campanha.
As sondagens do The Washington Post são a prova gráfica da indecisão que marcou esta campanha.The Washington Post

Mesmo assim, depois de tanto tempo passado e de tantas palavras redigidas, ainda surgem muitas perguntas. Apresentamos-lhe aqui o que precisa de saber para perceber o que vai acontecer esta terça-feira.

Quem vai votar na terça-feira?

Para votar, um cidadão norte-americano precisa de se registar previamente. Até agora, já se registaram cerca de 200 milhões de norte-americanos, um número recorde no país. Ainda assim, não é certo que estes votem todos, visto que a tradição da abstenção é bem mais forte que a de votação — é raro a taxa de abstenção descer o patamar dos 40%, sendo que em 2012 foi de 45,13% e em 2008 de 41,77%.

O que é que se decide?

Embora seja dito que os cidadãos vão escolher o seu presidente, na verdade estes vão escolher os seus representantes que vão formar um órgão chamado Colégio Eleitoral. Este é composto por 538 representantes e os candidatos têm de assegurar 270, ou seja metade dos 538, mais um.

Cada estado tem direito a um número variável de votos do colégio eleitoral, dependendo da população, e só pode definir uma cor partidária, escolhida pela maioria pelos eleitores, não havendo assim proporcionalidade entre a percentagem de votos dos eleitores e o número de representantes escolhidos.

Assim, quando, por exemplo, alguém na Florida vota no candidato democrata está a afirmar que quer os 29 votos do colégio eleitoral a que o seu estado tem direito sejam atribuídos a representantes que vão, por sua vez, votar no candidato democrata.

O Colégio Eleitoral terá até 28 de dezembro para entregar os seus votos, que serão contados no dia 6 de janeiro. O novo presidente tomará posse no dia 20 de janeiro.

Todos os votos são iguais?

Teoricamente não existe qualquer distinção entre cidadãos, contudo, e como acontece em cada distrito do nosso país, cada estado tem direito a um número diferente de votos para o colégio eleitoral, dependendo da sua população. A acrescentar a isto, está o facto de um estado só poder eleger um partido para o representar no Colégio Eleitoral.

Comparando um cidadão do estado da Florida — que tem direito a 29 votos do colégio — a um do de Nova Hampshire — que tem direito a apenas quatro votos — consegue-se perceber que o peso destes não é igual. Os votos perdem ainda mais valor quando são pelo partido que acaba por perder, visto que mesmo que a sua percentagem seja alta, ele nunca vai conseguir eleger nenhum representante.

Um cidadão que seja de um swing state, ou seja, de um estado que não tem uma cor partidária definida, tem também mais influência no resultado do seu estado do que outro que seja de um estado seguro, já com uma preferência definida.

O voto nos candidatos dos outros partidos, como Gary Johnson do Partido Libertário ou Jill Stein do Partido Verde, ou mesmo nos tantos outros independentes pode acabar por não ser um voto útil. Ainda assim, é importante que os eleitores não se retraiam e continuem a ir às urnas.

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Jill Stein do Partido Verde e Gary Johnson do Partido Libertário

Há possibilidade de o mais votado não vir a ser presidente?

Tanto há possibilidade, como já aconteceu. Em 2000, Al Gore e George W. Bush eram os candidatos, e embora Al Gore tivesse conquistado 50,3% dos votos populares, o câmbio de votos populares para votos do Colégio Eleitoral retirou a cadeira ao candidato democrata — 266 para ele, 271 para Bush. O estado da Florida foi o causador de tal confusão: a margem de diferença entre candidatos foi menos de 2.000 votos e, mesmo depois de ter sido feita a recontagem manual dos votos, chegou para que Bush ficasse com os 29 votos do estado. Ainda hoje a Florida é um dos estados mais importantes neste processo.

A acrescentar a isto, não existe nada na constituição americana que obrigue os representantes a votarem no partido que lhe foi indicado pelos votos populares. Contudo, quem não cumprir pode vir a ser substituído por outro e ser alvo de multas graves.

O que têm dito as sondagens?

São inúmeras as sondagens feitas neste ciclo eleitoral, com quase todos os meios de comunicação a terem uma sondagem independente ou em parceria com um meio não concorrente. Assim, é difícil padronizar todos os resultados que têm saído.

Ainda assim, conseguem-se perceber algumas tendências, como o facto de, sempre que é divulgado um escândalo as intenções de voto relativamente ao envolvido descerem — isto explica o sobe e desce que se vê no gráfico do The Washington Post acima. Clinton tem também mantido a liderança, mais ou menos confortável, na maioria das sondagens, excetuando, por exemplo, nos dias que se seguiram à reabertura da investigação aos seus e-mails.

Como posso acompanhar os resultados?

Todos os meios de comunicação norte-americanos, desde sites até às televisões, têm preparadas emissões especiais para acompanhar os resultados eleitorais. No resto do mundo, será dado também grande destaque à noite eleitoral. O ECO vai estar em direto na noite das eleições. Pode acompanhar no nosso site todos os detalhes.

 

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