Bloco de Esquerda “quer ser força de Governo, com uma nova relação de forças”
Moção das principais tendências bloquistas à próxima Convenção diz que "o Bloco apresenta-se ao ciclo eleitoral de 2019 em torno do seu próprio programa e para disputar a representação da maioria".
O Bloco de Esquerda elogia “a convergência à esquerda com o PCP”, mas assume que, em 2019, “quer ser força de Governo, com uma nova relação de forças”.
Estes são dois dos pontos da moção das principais tendências bloquistas à próxima Convenção, intitulada “Um Bloco mais forte para mudar o país”, à qual a agência Lusa teve acesso. De acordo com o artigo publicado pelo Expresso, o Bloco defende que um Governo de esquerda dá “mais garantia ao povo”.
“Em 2019, o Bloco quer ser força de governo, com uma nova relação de forças. Um Governo de esquerda dá uma garantia ao povo: defende o salário, a pensão e o emprego. Não aceita recuos, nem a precarização do trabalho, nem a redução do salário e da pensão”, indica. No entanto, de acordo com a última sondagem da Aximagem, os eleitores de esquerda querem uma reedição da geringonça: 56% dos eleitores PS ou do Bloco defendem uma nova aliança à esquerda. Mas este valor sobe 62% quando a questão é colocada aos eleitores da CDU.
O texto — subscrito pela coordenadora nacional, Catarina Martins, pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, e pela eurodeputada Marisa Matias — indica que “o Bloco apresenta-se ao ciclo eleitoral de 2019 em torno do seu próprio programa e para disputar a representação da maioria”. A mesma sondagem da Aximagem, divulgada revela que o Bloco tem 10% das intenções de voto e o PCP 8%, valores que se têm, mais ou menos, idênticos.
O BE considera ainda que o PS procura “uma maioria absoluta ao centro” e que o líder do PSD se assume “já como futuro colaborador de um Governo socialista”. “O poder económico aposta na maioria absoluta do PS e, pelo seu lado, Rui Rio assume-se já como futuro colaborador de um governo PS, num bloco central subordinado”, diz o texto da moção a que a Lusa teve acesso.
De acordo com o texto, “assiste-se a uma pressão crescente para recuperar políticas de bloco central e afastar a influência da esquerda”. “O PS procura uma maioria absoluta ao centro e abre a porta a convergências à direita“, tendo no último congresso realizado “uma viragem do discurso” ao apresentar esta experiência de governação “como um parêntesis na história do partido”, lê-se na moção.
A moção admite que “a convergência à esquerda com o PCP é uma componente importante dos avanços sociais neste período e no futuro”, valorizando o BE “um elevado grau de convergência de posições com o PCP, nomeadamente em questões económicas e laborais, ao nível parlamentar e também no terreno social”, desde logo porque partilham “responsabilidades na viabilização da atual solução política”. Mas os bloquistas assumem que mantiveram com os comunistas “divergências importantes em matérias como a paridade entre homens e mulheres, a legalização da canábis, a extensão da procriação medicamente assistida ou a despenalização da morte assistida”.
“A persistência de acusações sectárias não impedirá o Bloco de se continuar a empenhar no sentido do desenvolvimento das possibilidades de convergência e da recusa do sectarismo entre as esquerdas”, avisam os bloquistas. E adiantam que vão concorrer “em listas próprias” às eleições europeias, juntando “forças à esquerda, numa candidatura internacionalista que recusa a submissão aos tratados”.
Sobre as eleições regionais da Madeira, a moção refere que “a criação de alternativa à esquerda depende do reforço do Bloco de Esquerda”. “O PSD de Miguel Albuquerque está enfraquecido e, pela primeira vez, é possível retirar a direita do governo. O PS decidiu candidatar Paulo Cafôfo, que ganhou a Câmara Municipal do Funchal numa coligação em que o Bloco participa desde a primeira hora”, indicam
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