Comitiva australiana passa por Portugal. Tem um bilião de euros para investir
São 30 as personalidades australianas que passam por Portugal nestes dias e trazem a carteira recheada para investir em minas, em energéticas e em tecnológicas.
Dezasseis mil quilómetros separam Austrália de Portugal mas os empresários da Oceânia querem que esta distância seja cada vez mais encurtada. E, para isso, trouxeram mais de um bilião de euros, com os olhos postos na indústria mineira, energética e na tecnologia do Velho Continente.
São cerca de 30 os presidentes executivos e altos cargos políticos que estão de passagem por Lisboa esta semana, no âmbito da viagem organizada pelo European Australian Business Council (EABC), e que tem como primeiro objetivo discutir o futuro acordo comercial que unirá a Austrália à União Europeia. E todos eles advogam a necessidade de defender o comércio livre.
“A União Europeia e a Austrália têm uma relação histórica, muito forte em países como França, mas com Portugal tem de ser reforçada”, apontou, em conversa com os jornalistas John McVeigh, ministro australiano do desenvolvimento regional. “A relação com Portugal é nova, tem cerca de 20 anos, mas há mais coisas boas do que más a retirar dela”.
Mas não são só os membros do Governo que veem em Portugal várias oportunidade para a cooperação. Simon Crean, antigo líder do Partido Trabalhista, agora oposição do Governo, é também uma das personalidades que passa por Lisboa e que não deixa qualquer espaço para dúvidas: “Temos de enviar um sinal muito forte aos Estados Unidos depois da imposição de tarifas. A Austrália defende o comércio livre”, apontou o político na mesma conversa.
Uma carteira bilionária
Sublinhando a capacidade de recuperação depois da crise financeira, a mão-de-obra qualificada e a aposta no empreendedorismo em território português, os empresários trouxeram, então, 1,8 biliões de dólares australianos, o equivalente a 1,1 biliões de euros para investir. Em termos de comparação, o maior fundo soberano mundial, o Norges Bank, gere uma carteira de ativos equivalente a 850 mil milhões de euros.
A delegação não passa apenas por cá, mas define que o país tem, das indústrias tradicionais aos novos negócios, muito onde investir. Aos jornalistas, o embaixador australiano em Portugal, Peter Rayner, afirmou que o país está interessado em investir na atividade mineira, nomeadamente na exploração de lítio, ouro, cobre e gás natural, nas infraestruturas e nas empresas energéticas, sublinhando a “força” das parcerias público-privadas na Austrália, um modelo a seguir.
Já Stephanie Fahey, CEO da Austrade — a instituição equivalente à portuguesa Aicep –, muda o foco para os novos negócios. “Lisboa está no centro do mundo por causa das startups e scaleups, e os australianos estão atentos aos serviços complementares”, apontou Fahey, dando como exemplo as tecnologias aplicadas à agricultura, à ciência e à saúde. A gestora afirma ainda que os investidores estão também interessados, não na transformação das matérias-primas em si mas na forma como se pode escalar a cadeia de valor.
Quem tem medo do Brexit mau?
A comitiva de empresários e altos representantes australianos passou já por Paris, Estrasburgo e Madrid, sendo Lisboa a penúltima paragem antes do regresso a Sidney. Para o final ficou guardada a passagem por Londres. Mas será esta uma forma de descobrir onde reinvestir o capital a retirar do Reino Unido?
Nick Greiner, político do Partido Liberal, citou uma frase popular para responder à pergunta. “Os australianos costumam dizer que conseguem andar em dois sítios ao mesmo tempo, o que quer dizer que mantemos a relação com a União Europeia e conseguiremos negociar com o Reino Unido quando chegar o Brexit”, disse. “Por agora, vamos passar por Londres para perceber como é que a cidade e a população estão a lidar com tudo isto”.
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