O que é que Donald Trump quer para a economia?

  • Rita Atalaia e Marta Santos Silva
  • 9 Novembro 2016

Donald Trump expressou a sua visão para a economia durante a campanha presidencial. Agora que é Presidente, será que vai aplicar todas as medidas? Saiba quais são.

Agora que Donald Trump ganhou as eleições presidenciais nos EUA há que perceber qual será a sua agenda económica. Segundo a Moody’s, se aquilo que Trump tem defendido for aplicado, então a economia sofrerá uma recessão prolongada. Saiba o que o novo Presidente da maior economia do mundo tem defendido até agora.

Acordos de comércio livre? Trump diz não

Donald Trump defende afincadamente que acordos como o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) diminuem os empregos disponíveis nos Estados Unidos. O novo Presidente dos EUA tem propostas que sejam impostas tarifas de 45% nas importações vindas do México e da China, tendo chegado a sugerir que seriam em parte esses impostos que financiariam a construção de um muro na fronteira do México para impedir a imigração ilegal. Mas não só. Trump diz ser contra entidades como a NATO e a Organização Mundial do Comércio. Além disso, tem criticado as políticas comerciais e cambiais da China. “Quero dizer à comunidade mundial que vamos pôr os interesses da América em primeiro lugar, mas vamos tratar todos os países com justiça”, disse Donald Trump no discurso de vitória.

Salário mínimo. Políticas para quê?

O novo Presidente da maior economia do mundo não tem uma política diretamente direcionada para o salário mínimo. Donald Trump defende que as suas políticas económicas — com base em cortes nos impostos dos mais ricos — vão dar mais força à economia e diminuir o desemprego. Isto eliminará a necessidade de um aumento do salário mínimo. Trump acredita também que os vários Estados devem ter o direito de definir independentemente o seu salário mínimo. A Moody’s diz que, de acordo com o plano económico de Trump, no final do seu mandato haverá menos 3,5 milhões de empregos e a taxa de desemprego deve passar de 5% para os 7%.

Saúde económica dos EUA em números

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Segurança Social. Economia fará o seu trabalho

Trump não tem um plano específico, apesar de falar frequentemente em proteger a Segurança Social. Essa proteção seria assegurada pelo resto do projeto económico que Trump defende. A economia ficaria forte ao ponto de a Segurança Social se tornar autossustentável — através de cortes nos impostos dos mais ricos e redução da regulamentação para as empresas. “Enquanto republicanos, opomo-nos a aumentos de impostos e acreditamos no poder dos mercados para criar riqueza e ajudar a assegurar o futuro do nosso sistema de Segurança Social”, defendeu o Presidente que vai substituir Barack Obama na presidência.

Americanos podem deixar de pagar impostos

Donald Trump defendeu durante a sua campanha o corte de impostos a todos os escalões. E afirmou que o seu plano prevê que muitos americanos deixem de pagar impostos completamente. A grande diferença está nos impostos das empresas. Trump quer cortar o imposto sobre os rendimentos das empresas, que estava em 35%, para 15%. O republicano acredita que a liberalização da economia e o corte dos impostos vão fortalecer as dinâmicas de mercado e acabar por enriquecer toda a população. O cofundador da Apple, Steve Wozniak, e o do Twitter, Evan Williams, publicaram uma carta aberta que diz que as medidas propostas por Donald Trump para as empresas “seriam um desastre para a inovação”.

Défice norte-americano deve agravar-se

O think tank conservador Tax Foundation anunciou que o plano fiscal de Donald Trump agravaria o défice norte-americano em 5,9 biliões de dólares em dez anos. O mesmo relatório do Committee for a Responsible Federal Budget alerta para o facto de que as reduções de despesa de Trump não serem suficientes para compensar os enormes cortes nos impostos que este propõe fazer, o que provocaria um aumento dramático da dívida norte-americana após dez anos.

U.S. President-elect Donald Trump gestures while speaking during an election night party at the Hilton Midtown hotel in New York, U.S., on Wednesday, Nov. 9, 2016. Trump was elected the 45th president of the United States in a repudiation of the political establishment that jolted financial markets and likely will reorder the nation's priorities and fundamentally alter America's relationship with the world. Photographer: Andrew Harrer/Bloomberg
Fonte: Andrew Harrer/Bloomberg

O regresso da lei de Glass-Steagall

Donald Trump quer recuperar esta lei de 1933. A Lei de Glass-Steagall, criada na era da Grande Depressão, forçou a separação da banca de retalho da banca comercial. No entanto, a criação da lei Gramm-Leach-Bliley acabou por anular a que foi criada anteriormente, permitindo que bancos com o Citigroup e outros formassem o que chamam de “supermercados financeiros”, onde juntam todos os serviços financeiros num só.

Adeus Obamacare

No programa de Trump fica claro que vão abandonar totalmente o Obamacare, a reforma do sistema de seguros de saúde dos EUA e que visa a cobertura subvencionada a milhões de norte-americanos. O novo líder do Governo diz que “ninguém deve ser obrigado a comprar seguros, a não ser que queiram”. Trump quer mudar a lei existente que inibe a venda de seguros de saúde entre Estados. Desde que o seguro comprado cumpra os requisitos do Estado, qualquer vendedor pode ser capaz de oferecer um seguro em qualquer Estado. Ao permitir a concorrência total neste mercado, os custos dos seguros devem descer e a satisfação dos consumidores aumentar. Pelo menos é isso que defende Donald Trump.

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