Catarina Martins à saída de Belém: “Ricardo não deixará de ser um ativista pelo direito à habitação”
O Bloco esteve esta tarde em Belém para falar sobre o Orçamento do Estado com Marcelo Rebelo de Sousa. A polémica à volta de Ricardo Robles foi o tema principal da conferência no final da audição.
“As circunstâncias demonstraram que se tornava difícil o exercício de funções de Ricardo Robles“, reconheceu a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, à saída do encontro com o Presidente da República, que está a receber todos os partidos para falar sobre a preparação do Orçamento do Estado. A direção do Bloco começou por considerar que Ricardo Robles continuava a ter condições para exercer o seu cargo de vereador, mas as circunstâncias vieram a provar o contrário, admitiu, frisando, contudo, que o ex-vereador de Lisboa “não deixará de ser um ativista pelo direito à habitação”, apesar da sua demissão.
“O Ricardo chegou à conclusão que dada a complexidade da questão e a confusão criada entre notícias reais e falsas isso dificultava o seu trabalho. Por isso, pediu a demissão, para reforçar o Bloco e as suas lutas”, justificou Catarina Martins, precisando que a direção do partido acompanhou “solidariamente” a decisão do ex-vereador.
Apesar de elogiar o trabalho de escrutínio da imprensa face aos titulares de cargos públicos, Catarina Martins criticou a “catadupa de notícias” e o facto de “algumas notícias falsas nunca terem sido desmentidas” e sublinhou que “a solução agora encontrada foi a necessária para manter a capacidade de intervenção do BE relativamente ao direito à habitação”, acrescentou Catarina Martins.
“O Bloco de Esquerda aqui está sem recuar um passo”, garantiu ainda Catarina Martins, ladeada pelos seus colegas de bancada Pedro Filipe Soares e José Manuel Pureza. A responsável frisou ainda que “Ricardo não deixará de ser um ativista para o direito à habitação”.
Catarina Martins reconheceu que, num primeiro momento, as decisões que estavam a ser tomadas pela família de Ricardo Robles relativamente ao destino a dar ao imóvel de Alfama eram contrárias aos princípios do Bloco de Esquerda, mas acrescentou que o então vereador agiu atempadamente para impedir essas decisões. Uma referência à decisão de Ricardo Robles dividir o prédio em propriedade horizontal, colocando as frações que lhe cabiam no mercado de arrendamento, o que deixava implícito que a irmã de Ricardo Robles, coproprietária do edifício, poderia fazer o que desejasse com a sua parte.
Não se querendo alongar sobre o tema, para não “abusar da bondade” do anfitrião, Catarina Martins não deixou de responder às declarações de Jerónimo de Sousa que, no dia anterior, em reação ao caso Robles: “Tenho esta tranquilidade imensa de continuar a fazer política da forma como aprendi: procurar resgatar o que de mais nobre tem a política, que é servir os interesses dos trabalhadores e do povo e não me servir a mim próprio”. Catarina Martins retorquiu: “é uma frase muito justa e certa”. E pela quarta vez reiterou que Ricardo Robles não obteve nenhum ganho ou partido por ser titular de um cargo público, que não cometeu nenhuma ilegalidade.
Negociações do OE2019 atrasadas
Quanto ao tema central, que levou Marcelo a ouvir os partidos nestes dois dias, Catarina Martins frisou que o Bloco considera que “as negociações poderiam estar um pouco mais avançadas”, já que “este ano as conversas estão a decorrer a um ritmo mais lento”.
Catarina Martins recusa falar em sentido de voto do documento, uma vez que este ainda está a ser negociado, e até reconhece que em algumas matérias “as negociações com o Governo têm dado passos”, nomeadamente, a descida do IVA da eletricidade, mas também as negociações com os professores que, apesar de não serem matérias para o Orçamento do Estado para 2019 são um tema que o Bloco gostaria de ver fechado até lá.
O Bloco de Esquerda defendeu ainda a necessidade de aumentar o investimento público no Serviço Nacional de Saúde e nos transportes, mas também que o OE2019 resolva o problema das pensões das longas carreiras contributivas, ou seja, as pessoas que começaram a trabalhar ainda muito novas se possam reformar aos 60 sem verem as usas pensões penalizadas pelo fator de sustentabilidade.
(Notícia atualizada)
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