O segredo para o sucesso: “Não sejam empreendedores”
Num discurso completamente disruptivo, Gary Vaynerchuk, orador motivacional e empreendedor, deixou uma mensagem aos participantes do Web Summit: "Não sejam empreendedores. Quem me dera não o ser."
Foi com a expressão “shit’s changing” que Gary Vaynerchuk deu início a um muito aplaudido discurso no Meo Arena esta quinta-feira. Cara bem conhecida no mundo do empreendedorismo, Vaynerchuk é também o fundador da empresa de criatividade Vaynermedia e um carismático youtuber e orador motivacional, com forte presença na internet. Neste Web Summit, fez jus a todos esses títulos.
Conselhos? Deu muitos, mesmo. Desde logo, gratidão acima de tudo: “I’m the most grateful fucker you will ever meet“, disse, com todas as letras, por entre o êxtase da multidão. Explicou mais tarde que esta é uma fase negra para o empreendedorismo: “Há muito empreendedorismo falso. Alguém faz uma porcaria de uma Uber para entregar laranjas e já se acha empreendedor”, criticou. O que é, então, ser empreendedor? “É levar na cara 24 horas por dia. Nem todos estão preparados para isso”, frisou.
Nem toda a gente tem de ser empreendedora, defendeu Vaynerchuk — minutos antes, no mesmo palco, Saul Klein, da LocalGlobe, apresentava um estudo em que indicava que estes são já “5% da população mundial”. Parece estranho, mas Gary Vaynerchuk clarificou a mensagem: “Por cada Instagram há cinco milhões de insta-shits que não vingam no mercado”, referiu. Por isso, o importante, é ter “auto-consciência” e fazer aquilo de que se gosta.
A tecnologia, como é óbvio, é a chave. Mas tem de ser bem aproveitada, em todo o seu potencial. “Levante-se quem daqui fica chateado quando alguém lhe telefona”, pediu a dada altura. Muita gente pôs-se de pé. “A razão por estas pessoas ficarem chateadas por receberem um telefonema é que há tecnologia que permite enviar mensagens de texto e cada um responde quando pode”, reiterou. “Já não há necessidade de roubarmos tempo uns aos outros.”
Focou-se neste tema por mais uns instantes e apontou baterias a quem produz publicidade para a internet. Com um exemplo: “Às vezes, no telemóvel, aparece-me publicidade com um minúsculo ‘x’ no canto. Acabo por o abrir sem querer, em vez de o fechar. Depois, os anunciantes dizem ‘olha só a quantidade de gente que clicou!’ enquanto, do outro lado, estou eu a dizer ‘nunca mais compro nenhum produto da porcaria desta marca'”, brincou. A plateia riu a bom rir.
Ou seja, há que criar “bom conteúdo” para ser lido nos telemóveis: “A variável é a criatividade. Tenho a vossa atenção aqui. Mas se não for criativo, não vou converter essa atenção”, explicou. Converter em quê? Em fãs, em clientes e por aí em diante. Gary Vaynerchuk defendeu ainda que documentar tem-se mostrado mais impactante, mas que, em vez disso, “todas as pessoas estão a tentar criar”.
“O medo não é uma opção”
Documentar ou criar são duas opções — e qualquer uma é válida. Mas há um caminho que não pode ser seguido: “Ter medo não é uma opção”, reiterou o fundador da Vaynermedia. E passar o tempo a queixar-se sem agir também não: “Até o podes fazer, mas ninguém se interessa. As únicas pessoas que se interessam são os outros falhados à tua volta”, garantiu.
Agir é, para Vaynerchuk, palavra de ordem. Porque “se fores suficientemente bom, ninguém te vai parar. Nem o Donald Trump, nem os russos, nem ninguém”, gritou entre aplausos. Não há tempo para lamentos: “No ano passado, mais norte-americanos morreram por um coco lhes caiu na cabeça do que por causa do terrorismo. É uma coisa gira sobre os dados: eles não mentem”, ironizou. Deixou, por fim, uma última mensagem. O resumo de todo o discurso: “A vida é fenomenal. Parem de se queixar, porque ninguém se interessa”.
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