Gulbenkian já está outra vez a negociar a venda da Partex
Em abril a Fundação Gulbenkian pôs um ponto final nas negociações com os chineses da CEFC para vender a Partex. Cinco meses depois, admite que já está novamente a negociar, mas não diz com quem.
A Fundação Calouste Gulbenkian já voltou a negociar a venda da Partex, depois de ter decidido por termo ao processo que vinha a desenvolver com os chineses da CEFC, em abril.
“As negociações continuam, mas para já não há nada para dizer”, confirmou ao ECO fonte oficial da Fundação que, nos últimos quatro meses, questionada sobre se havia desenvolvimentos na tentativa de encontrar novos interessados na Partex, ou em eventuais negociações, sublinhou sempre que não havia nada de novo. Apesar das insistências, a mesma fonte oficial não deu detalhes sobre com quem a Fundação está agora sentada à mesa das negociações.
As negociações continuam, mas para já não há nada para dizer.
O ECO também contactou o presidente da Partex, mas António Costa e Silva remeteu quaisquer esclarecimentos para a Fundação, a entidade que está a levar a cabo as negociações.
A opção de venda da Partex é “estratégica” dada a “nova matriz energética” da Fundação e uma questão de “coerência” com as convicções da instituição. Numa entrevista ao Expresso (acesso pago), em fevereiro, Isabel Mota explicou que a sustentabilidade que a Fundação defende “implicaria, mais cedo ou mais tarde, sair dos combustíveis fósseis”. “E corresponde a um movimento geral nas grandes fundações internacionais e não só: ter uma preocupação ética em relação ao bem comum e direcionar os investimentos em relação à filantropia”, acrescentou a presidente da Fundação.
A tentativa de venda não é de agora. Foi em junho do ano passado que a Gulbenkian avançou que estava a avaliar a entrada de grupos internacionais, com interesses no Médio Oriente, na petrolífera detida a 100% pela Fundação. Mas foi com os chineses da CEFC que as negociações chegaram mais longe. Contudo, as informações que começaram a ser veiculadas em março de que o presidente da CEFC China Energy, Ye Jianming, teria sido detido — houve mesmo uma delegação oficial da República Checa viajou à China em março para saber do seu paradeiro, levou a Fundação a por termo às negociações. Uma decisão que foi depois seguida pelo Montepio que estava a negociar com os mesmo chineses o negócio dos seguros, depois de o regulador ter chumbado o negócio.
Com a venda da Partex — uma operação que para avançar terá sempre de ter luz verde do Governo — a Fundação esperava encaixar cerca de 500 milhões de euros.
A petrolífera representou, em 2017, cerca de 18% dos ativos da Fundação, e a sua alienação é criticada por muitos. O especialista em geopolítica do petróleo, José Caleia Rodrigues, em declarações à Lusa, na altura, lembrava que “a missão da fundação não é explorar petróleo, o petróleo é uma fonte de rendimento e hoje o setor da produção de petróleo é para gigantes”, e a Partex “pode ser um jogador menor”. “Vender a sua posição [na Partex] pode não ser asneira, mas para Portugal era interessante tê-la. E até porque as coisas podem mudar”, acrescentou.
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