Draghi vê inflação “vigorosa”. Juros da dívida dos países do euro disparam
O presidente do BCE afirmou que a recuperação da inflação e dos salários na Zona Euro segue a bom ritmo. Com a perspetiva de subida de juros, as taxas das obrigações soberanas estão a disparar.
Os juros da dívida soberana dos países da Zona Euro estão a disparar depois do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, ter afirmado que a inflação na região está a recuperar “vigorosamente”. Os investidores reagem à perspetiva de subida da taxa de juro de referência, atualmente em 0%.
À Reuters, o analista Daniel Lenz do DZ Bank afirmou que a palavra-chave para os investidores no mercado dos títulos de dívida pode mesmo ter sido “salários”, já que Mario Draghi mencionou ainda, no seu discurso no Comité para os Assuntos Económicos e Monetários no Parlamento Europeu, que espera que os vencimentos continuem numa trajetória de subida.
“Daqui para a frente, as taxas anuais da inflação HICP deverão manter-se próximas dos níveis atuais nos próximos meses, e projetamos que atinjam 1,7% em cada ano entre este momento e 2020”, disse Mario Draghi. E o impulso para esta manutenção não vem tanto da energia ou da alimentação, mas sim da inflação que exclui estes elementos mais voláteis: há uma “aceleração relativamente vigorosa” da inflação geral. Em 2020, a inflação deverá atingir os 1,8% em 2020 excluindo a energia e os alimentos, referiu Draghi, um valor muito próximo do objetivo do BCE de uma inflação próxima mas inferior a 2%.
Perante as declarações de Draghi, que aventa, assim, a possibilidade de avançar com uma subida dos juros, o euro está a acelerar, superando os 1,18 dólares. Ao mesmo tempo, as taxas da dívida dos países do euro estão a agravar-se.
Os juros da dívida alemã a dez anos subiram para 0,51%, um agravamento superior a cinco pontos base, e os juros italianos acompanharam, continuando uma subida que já se verificava esta segunda-feira, para chegar a um máximo de duas semanas nos títulos a dez anos, nos 2,92%. Os juros da dívida portuguesa manifestavam, por volta das 15h00, apenas uma subida ligeira para 1,894%.
Mario Draghi, na sua intervenção no Parlamento Europeu, referiu mesmo que o Conselho de Governadores do BCE prevê terminar, em breve, o programa de compras, se os indicadores continuarem a apontar nesse sentido. “Na nossa última reunião, o Conselho decidiu manter os estímulos significativos na sua configuração atual e, de acordo com o plano condicional que apresentámos em Riga em junho, ir reduzindo o ritmo mensal das nossas compras para os 15 mil milhões entre outubro e o final do ano”, disse. “Antecipamos que, de acordo com os dados que poderão confirmar as nossas previsões a médio termo para a inflação, terminaremos nessa altura as compras”.
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