Hard Brexit ameaça deslocalizar fábricas da BMW, Mercedes e PSA do Reino Unido
Fabricantes automóveis como a BMW, Daimler e grupo PSA expressam preocupação com uma saída do Reino Unido sem acordo, que pode levar a paragens na produção ou até a mudar operações para outro país.
A indústria automóvel é um dos setores que será afetado pelo Brexit, principalmente se a saída se der sem acordo. Reduções ou até paragens na produção britânica, e a mudança de algumas operações para outras cidades europeias são algumas das consequências perspetivadas pelos fabricantes.
O Paris Motor Show junta os principais fabricantes de automóveis, que aproveitaram a ocasião para se pronunciar e expressar preocupações relativamente à saída do Reino Unido da União Europeia. A fabricante alemã BMW está pronta para passar parte da produção do modelo Mini para a Holanda se o Brexit se der sem acordo, revela o CEO Harald Krueger, citado pela Reuters (acesso livre/conteúdo em inglês).
Também Maxime Picat, responsável pelo PSA Group na Europa, garante que se tiverem de fabricar os carros separadamente para os dois mercados (europeu e britânico), a produção britânica será afetada. O chefe da PSA afirma que têm feito o que podem para manter a produção britânica, mas “há limites” como o controlo alfandegário e a perda da liberdade de movimento para pessoas e bens. “Se chegarmos a esse ponto seremos obrigados a tomar medidas”, afirma Maxime Picat, que salienta ainda que as possíveis medidas não são um castigo para o país.
Uma saída desorganizada é um caso sério para o CEO da Daimler. Dieter Zetsche diz que os possíveis cenários do Brexit, que a empresa tem estado a analisar desde o referendo, são “altamente preocupantes”. O responsável caracteriza a situação como um “desenvolvimento extremamente triste”, do qual a consequência que mais rapidamente se pode verificar é o abrandamento da procura pelos veículos da Mercedes-Benz no Reino Unido.
Para a japonesa Toyota, um hardBrexit representa um entrave aos 78 milhões de dólares de receitas semanais, segundo na Bloomberg (acesso livre, conteúdo em inglês). O presidente da Toyota na Europa, Johan van Zyl, diz mesmo que um Brexit sem acordo causaria uma interrupção logística, que ia parar a fábrica em Burnaston. No ano passado, 87% dos veículos produzidos na fábrica britânica foram exportados para a UE.
Incentivos para os carros elétricos
No Paris Motor Show houve também oportunidade para discutir outras áreas do mercado automóvel, nomeadamente os emergentes carros elétricos. O CEO da Renault, Carlos Ghosn, diz que não estão a competir contra a Tesla, já que a marca norte-americana se posiciona no mercado premium, numa entrevista à Bloomberg.
“De uma certa forma somos aliados na promoção pelos carros elétricos”, aponta o CEO, já este tipo de veículo ainda não é muito procurado nos Estados Unidos, onde não existem incentivos como noutros países europeus, ou até na China e no Japão.
A Renault é uma das marcas envolvida neste tipo de incentivos, agora para condutores alemães, a quem vão oferecer até dez mil euros para trocar os carros antigos por modelos mais recentes. Ainda nesta terça-feira, Angela Merkel e os líderes dos três partidos do Governo anunciaram um acordo para reduzir a poluição nas cidades alemãs, onde os proprietários de carros antigos a diesel vão poder escolher entre incentivos de troca e um processo de modernização do equipamento.
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