Roma faz soar alarmes. Itália paga 80% mais do que Portugal nos mercados

Economista-chefe da Moody's deixou Roma em alerta após sugerir redução do rating italiano. Ministro da Economia já garantiu que vai colaborar com Bruxelas, travando desconfiança dos investidores.

Itália volta a fazer soar os alarmes nos mercados esta quarta-feira, sobretudo depois de um analista da Moody’s Analytics ter dito a um jornal italiano que os planos do Governo para o orçamento do Estado são um “erro”, direcionando a atenção dos investidores para a sensível questão do rating da dívida do país.

A yield associada às obrigações italianas a 10 anos sobe 11 pontos para 3,528%, mas o agravamento dos juros atinge os mercados de dívida de toda a região da Zona Euro. Em Portugal, os juros na mesma maturidade avançam 1,982% e foi neste clima de instabilidade que o IGCP viu os custos da dívida agravarem-se no leilão desta manhã.

A situação em Itália é mais delicada, ainda assim. A diferença entre juros italianos e portugueses (hoje nos 150 pontos base) faz com que o Governo de Itália tenha de pagar atualmente 77% mais do que Portugal para se financiar nos mercados de dívida, um cenário que era altamente improvável até há pouco tempo. Foi em dezembro do ano passado que as taxas da dívida italiana superaram as taxas portugueses e, desde então, o diferencial entre os dois países foi agravando em favor de Portugal. O sinal dos mercados é de fácil interpretação: os investidores confiam mais em Portugal do que em Itália.

Investidores confiam mais em Portugal do que em Itália

Fonte: Reuters

O mesmo disse Mark Zendi, economista-chefe da Moody’s Analytics (da agência de rating Moody’s), esta quarta-feira ao jornal La Stampa (acesso pago/conteúdo em italiano): “É lógico que as preocupações com a Itália que foram expressas pelos mercados também se reflitam na próxima avaliação das agências de rating“. E explicou os receios: “A avaliação dos mercados, como das agências de rating, não se baseia na política, mas nos números, que são objetivos e iguais para todos”, acrescentou.

“Os investidores estão muito sensíveis relativamente às perspetivas do rating“, referiu Rene Albrecht, estratega da DZ Bank, citado pela agência Reuters. “Qualquer notícia sobre ações de rating mexem com as obrigações italianas. Roma não está em rota de colisão apenas com Bruxelas, mas também com as agências de rating“, disse ainda.

Tanto a Moody’s como a Standard & Poor’s avaliam a dívida italiana com uma notação de risco dois níveis acima de “lixo”, e vão voltar a rever o rating do país na segunda metade deste mês. Os analistas dizem que os mercados já incorporaram a descida em um nível.

Para travar a desconfiança dos mercados (e analistas), o ministro da Economia falou esta manhã a partir do Parlamento para dizer que Roma vai adotar uma atitude de colaboração com Bruxelas no que toca às ambições orçamentais do Governo italiano para os próximos anos. As palavras de Giovanni Tria ajudaram a contar o risco, pelo menos num primeiro momento.

Para já, o spread da dívida italiana (um indicador do risco calculado através da diferença dos juros italianos com os juros alemães) mantém-se acima dos 300 pontos base, depois de ter atingido o valor mais elevado em cinco anos esta terça-feira.

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