Investir em tecnologias como blockchain exige “um propósito”
Francisco Simão, administrador dos CTT, alertou que as empresas precisam de ter "um propósito" na implementação de novas tecnologias, para que se integrem na estratégia e no negócio.
Investir em algumas das tecnologias mais populares exige “um propósito”, sob pena de se estar a abraçar a transformação digital de uma forma que não se enquadra na estratégia da empresa. “Usar blockchain? Ninguém quer saber disso. Temos de dar propósito às pessoas. Tem de haver um propósito, tem de haver um sentido”, afirmou Francisco Simão, administrador executivo dos CTT.
No mesmo dia em que a EY Portugal apresentou o estudo Maturidade Digital das Empresas em Portugal, no qual conclui que as empresas podem estar a investir na nova era digital sem pensar na estratégia e no negócio, o gestor da empresa de correios considerou que “o digital e a inovação têm de seguir a estratégia” da companhia.
Esta foi uma das ideias deixadas num painel inserido na conferência Beyond, promovida esta quarta-feira pela EY Portugal em Lisboa. Para além dos CTT, a conferência contou com representantes de outras empresas, como a Brisa, para discutir o presente e o futuro do digital em Portugal. E depois dos alertas da EY de que há um otimismo potencialmente excessivo por parte das empresas, que acreditam saber bem o que aí vem ao nível do mundo digital, estes preferiram focar-se na necessidade de uma estratégia para a implementação de tecnologias inovadoras nos negócios — outro dos alertas do estudo.
“No final de cada dia, a pergunta que temos de fazer é ‘o que é que nós vendemos?’. E, na Brisa, vendemos tempo. A mobilidade é uma chatice”, afirmou Eduardo Ramos, presidente executivo da A-to-Be, uma empresa de tecnologia do grupo Brisa. A ideia deixada pelo gestor foi a de que os decisores empresariais devem saber perfeitamente como encaixar uma tecnologia no negócio e quais as vantagens, ao invés de investirem em tecnologia tendo apenas em conta as chamadas buzz words.
O responsável do grupo Brisa falou também de um projeto da A-to-Be, realizado no Estado norte-americano de Washington, em que várias empresas terão concorrido ao desenvolvimento de uma tecnologia para cobrar portagens com base nas milhas conduzidas. Foi uma experiência internacional que deu a Eduardo Ramos uma outra noção da transformação digital no plano internacional: “Quando a A-to-Be vai para o mercado internacional, a pancada é fortíssima. O nível de exigência, de integração, de concorrência e de competitividade é brutal”, atirou.
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