Yoyoloop: quando a sua boleia o leva de porta a porta

A startup portuguesa acredita que a forma como as cidades se desenvolvem está a mudar e que a mobilidade partilhada, elétrica e, até, autónoma fazem parte dessa transformação.

Revolucionar as viagens de trabalho é a intenção da Yoyoloop. A startup portuguesa oferece uma solução focada, sobretudo, nas empresas e no modo como estas realizam as suas viagens de trabalho. Transporte porta-a-porta, redução da pegada ecológica e tempo útil são algumas das vantagens do serviço.

A ideia é que as empresas passem a utilizar uma carrinha para transportar os seus colaboradores quando é necessário que estes façam viagens de trabalho, em alternativa ao uso de carros individuais. Fundada por Ricardo Jorge, CEO da startup portuguesa, a startup veio responder a uma necessidade do próprio fundador: viagens regulares e, em trabalho. “Na altura, enquanto viajava, ouvia um podcast sobre a disrupção que aí vem na indústria da energia e do transporte“, explica o fundador, em entrevista ao ECO.

Os especialistas que anunciavam o fim do automóvel como propriedade individual e a passagem massiva para a mobilidade partilhada fizeram-no pensar que, de facto, as pessoas utilizam muito pouco os seus carros e que, quando os conduzem, estão a “desaproveitar” tempo. A mobilidade partilhada intercidades poderia resolver esse problema, pensou na altura.

A Yoyoloop surgiu para reduzir o tráfego automóvel nas cidades e, consequentemente, a pegada ecológica. “Hoje a nossa oferta já é muito mais sustentável do aquela que existe no mercado. Em vez de termos cinco carros a irem para o Porto, temos apenas um carro, sendo que as emissões de uma destas carrinhas são semelhantes às de um automóvel“, diz.

Primeiro elétricos, depois autónomos

Nesta caminhada rumo à mobilidade mais sustentável, o transporte elétrico não fica esquecido. Ricardo Jorge afirma que, neste momento, a oferta que existe ao nível de mobilidade elétrica ainda não satisfaz as necessidades da startup e que a autonomia destes veículos é, também, um problema. Contudo, esta é uma substituição que acredita estar para breve e, nesse momento, a Yoyoloop “será ainda mais sustentável”.

"Em 2019 contamos começar a substituir a nossa atual frota por carros elétricos”

Ricardo Jorge

Fundador e CEO da Yoyoloop

O destino final não é, no entanto, os carros elétricos. A empresa quer ir mais longe na mobilidade e, “depois dos elétricos, começar a pensar nos autónomos”. Animado por alguns serviços com carros autónomos que já funcionam lá fora, Ricardo Jorge explica que, para esta realidade, a grande barreira é regulatória. Ainda assim, considera ser uma meta a alcançar a longo prazo.

O que também é uma meta a longo prazo é a construção de uma app. Neste momento, a Yoyoloop funciona somente através do seu site, que foi pensado e desenvolvido para ser acedido através do telemóvel. “Não criámos logo uma aplicação porque, em primeiro lugar, uma app pressupõe um investimento muito maior e, em segundo, consideramos que as pessoas têm uma grande barreira em instalar apps que não vão usar diariamente e, ainda mais, quando se trata de uma empresa que é nova“, explica o fundador.

“O valor do nosso próprio tempo tem vindo a aumentar”

Outra das vantagens apontadas por Ricardo Jorge está relacionada com a conversão do tempo “desperdiçado” em tempo útil. Quer isto dizer que, em vez de a pessoa se deslocar de Lisboa ao Porto, por exemplo, com o seu carro próprio — tendo de conduzir — pode aproveitar o tempo de viagem numa carrinha da Yoyoloop com motorista e que oferece internet.

“É cada vez mais importante estarmos ligados, já é difícil estar muitas horas do dia sem conexão à internet, e também o valor do nosso próprio tempo tem vindo a aumentar”, afirma o CEO da startup.

A viagem porta-a-porta evita, assim, a espera nas estações de comboios ou nos aeroportos, permitindo rentabilizar o tempo. Também o networking assume aqui uma característica importante uma vez que, ao partilhar a viagem com outros colegas, “as pessoas podem encontrar-se e conhecer-se”, partilhando ideias e discutindo, até, possíveis negócios.

Próxima paragem: Braga

O percurso Lisboa-Porto é, por agora, a grande aposta da startup de mobilidade partilhada intercidades. “Temos neste momento 16 partidas diárias, oito de cada lado”, refere Ricardo Jorge. Leiria e Coimbra fazem, também, parte das ofertas, ainda que com muito menor frequência. “Lisboa-Coimbra tem uma partida diária de cada lado. As viagens para Leiria fazem-se, por enquanto, aos fins de semana, para apanhar estudantes ou trabalhadores que queiram ir a casa passar o fim de semana”, explica.

A intenção é expandir as rotas. “Estamos a olhar para Braga como o próximo local na nossa rede”, confessa.

No que toca a preços, na Yoyoloop, uma viagem de Lisboa ao Porto fica a 39 euros por pessoa e, de Lisboa a Coimbra, a 26 euros. Já de Lisboa a Leiria, a viagem tem um custo de 18 euros. Tais valores resultam, segundo Ricardo Jorge, em preços mais baixos (sobretudo se comparados com o gasto de ir sozinho num carro) e num serviço melhor.

“Acredito que a mobilidade vai evoluir para algo muito barato”, diz. Embora tenha como principal cliente as empresas, a startup serve qualquer pessoa e acredita que este é o futuro das sociedades. “As pessoas vão poder escolher, por exemplo, o local onde querem viver com mais liberdade. Vão poder viver mais longe do sítio onde trabalham”.

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