Trump foi eleito há uma semana. E os mercados?
Choque. Euforia. Expetativa. Investidores já passaram por todos os estados de espírito em apenas uma semana. A eleição de Trump já deixou uma marca indelével nos mercados.
Apenas uma semana após as eleições americanas, Donald Trump já deixou uma marca bem vincada nos mercados financeiros. E não foram apenas os stresses verificados nos mercados de obrigações mundiais — que está, de resto, a ter implicações forte nos juros portugueses. Também o mercado de ações, câmbios e matérias-primas foram perturbados pelo furacão Trump. O que se passou em sete dias?
Juros escalam a montanha
Foi no mercado de dívida onde mais se sentiu o furacão Trump. Mais de 1,2 biliões de euros foram retirados dos mercados obrigacionistas em todo o mundo em apenas uma semana. Explicação? A expectativa de que os planos orçamentais da administração de Donald Trump vão forçar uma subida generalizada dos preços. Se a inflação vai aumentar, aumentam os juros. No caso das Treasuries, as yields a dez anos escalaram para máximos deste ano. A Europa acompanhou esta escalada da montanha.
“Estamos numa fase de consolidação enquanto esperamos por mais detalhes em relação aos verdadeiros números, o timing, a eficácia, não apenas acerca do seu plano orçamental mas também outros planos”, explicou John Briggs, estratego da RBS Securities, à Bloomberg.
Juros das Treasuries aceleram
Lira ao fundo
Em setembro, um relatório do Citigroup sugeria que o MSCI Emerging Market Index, um índice que cobre os mercados emergentes, deveria afundar em 10% caso Trump conquistasse a Casa Branca. Para já, essa queda vai em 7%. A explicação: a moeda dos mercados emergentes iria enfraquecer face ao dólar perante os receios de que o eventual protecionismo económico promovido por Trump — que já disse querer renegociar vários acordos de comércio internacional — vai afetar a atividade económica nos países em desenvolvimento.
Verdade e consequência. Tanto peso mexicano evidencia uma queda abrupta — Trump pretende construir literalmente um muro com o México — como também a lira turca foi ao fundo desde que o republicano foi eleito no passado dia 8 de outubro, negociando em mínimos históricos face à nota verde.
Além do peso, lira afunda
Cobre à boleia da expansão orçamental
É uma das grandes bandeiras de Trump. Avançar com os estímulos orçamentais em larga escala, na ordem do bilião de dólares, dedicando grande parte dos recursos nas infraestruturas. Quem ganha? O setor relacionado com as matérias-primas — as ações da produtora de alumínio Alcoa acumulam um ganho de 20%. E também as próprias matérias-primas, como o cobre.
Cobre brilha nos mercados
Para Casper Burgering, da ABN Amro Bank, “a eleição de Donald Trump aumentou a volatilidade nos preços dos metais”. “É pura especulação e agora estamos a ver os preços a descer outra vez. Há alguma tomada de mais-valias na maior parte dos mercados de metais”, frisou o analista.
Ouro já não brilha tanto
O ouro tem sido o melhor reflexo do sentimento do investidores. Fase 1 – Choque com a vitória de Trump deixou a onça do ouro em máximos de mais de um mês. Fase 2 – Euforia com os planos de estímulos do Presidente eleito, abrindo o apetite dos investidores pelo risco (ações sobem) e menos atraídos por ativos seguros (ouro desce). Fase 3 – Expectativa em relação ao que vai acontecer realmente, estabilizando o mercado do metal amarelo.
Ouro perde fôlego
“As coisas estão agora um pouco mais tranquilas. Mas os mercados continuam bastante voláteis e nervosos”, disse David Govett, da Marex Spectron Group.
Recordes no Dow Jones
Se os investidores inicialmente não queriam Trump na Casa Branca, agora a história é outra. Além da expansão orçamental, o republicano quer baixar os impostos às empresas e aliviar alguma regulação (sobretudo na banca) para fomentar a atividade económica. Uma economia mais pujante significa mais lucros para o setor privado. E mais dividendos. Em Wall Street, a mensagem é esta. E por isso o índice industrial Dow Jones tem pulverizado recordes atrás de recordes nas últimas sessões.
Recordes consecutivos no Dow Jones
“Há muitos movimentos de reposicionamento no mercado, com os setores mais esperados para saírem bem com Trump a ofuscarem os setores mais problemáticos”, referiu Jasper Lawler, analista da CMC Markets. “Estamos a ver uma realocação dos investimentos de acordo com a política orçamental”, acrescentou.
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