Trump: as primeiras declarações em 7 pontos
O 45º Presidente dos EUA começou a dar entrevistas. As duas primeiras foram dadas à CBS e ao Wall Street Journal. Ainda existem dúvidas, mas Donald Trump sinalizou as prioridades dos primeiros meses.
Foram 40 minutos de um Donald Trump ‘presidenciável’, acompanhado pela sua família, mas sem apagar os traços anti-establishment que foram exacerbados durante a campanha. Na passada sexta-feira, diretamente da sua penthouse na Trump Tower, em Nova Iorque, o presidente eleito deu uma entrevista à estação de televisão norte-americana CBS para o programa 60 Minutes.
No mesmo dia foi publicada outra entrevista no Wall Street Journal. Depois do discurso de vitória, em que os analistas viram um Trump mais “moderado”, será que o mesmo tom foi seguido nas primeiras declarações?
“É uma vida totalmente nova para mim”, afirmou logo no início o próximo presidente dos Estados Unidos da América na entrevista à CBS. Mas será também uma vida totalmente nova para os americanos? As promessas de campanha sinalizavam várias mudanças, mas Trump já recuou em algumas dessas medidas.
Sobre a campanha diz que “não há arrependimentos”. Afirmou até que “às vezes é preciso alguma retórica para motivar as pessoas”. O tom “sóbrio” que agora quer ter, afirmou, é “mais fácil”. “Make America Great Again” e “America First” continuam a ser os motes. Só falta saber como vai lá chegar.
1. Vem aí um muro… ou uma vedação
Foi a primeira questão da jornalista da CBS sobre medidas e Trump respondeu sem hesitar: “Sim”. Em algumas áreas, um muro, noutras uma vedação. Donald Trump vai deportar ou prender dois a três milhões de imigrantes ilegais. “O que vamos fazer é encontrar as pessoas que são criminosas ou têm registo criminal, membros de gangues, traficantes de drogas — provavelmente dois milhões, até podem chegar a três milhões — (…) e ou vamos expulsá-las do nosso país ou vamos encarcerá-las”, respondeu.
2. Três principais temas com consenso republicano
Os republicanos vão controlar o Senado, o Congresso e agora a Casa Branca. O trio dominado pelo Partido Republicano vai permitir fazer passar as medidas onde existir consenso dos membros, ao contrário do que aconteceu com Barack Obama que sofreu resistência dos republicanos. O próprio presidente eleito, antes das eleições, foi criticado pelo partido mas diz que agora já lhe deram “crédito” pela vitória.
E Donald Trump anunciou três temas onde já há consenso com Paul Ryan, o porta-voz do partido no Congresso: cuidados de saúde, imigração e impostos. “Vamos simplificar e baixar os impostos”, anunciou Trump.
3. Lobistas? Agora sim, no futuro não
Trump financiou-os no passado, criticou-os durante a campanha, continua a criticar e quer acabar com eles… No entanto, a sua equipa de transição está repleta de lobistas. “São os únicos que existem”, respondeu à jornalista. Trump diz que só existem lobistas no sistema político e que esse é o principal problema. A solução? “Limpar tudo”. “Vou criar restrições à entrada de financiamento estrangeiro, limites dos mandatos e muitas outras coisas”, defendeu-se.
"A minha maior vantagem é o meu temperamento.”
4. A dollar is all I need
Donald Trump vai receber o salário destinado ao Presidente? “Nunca comentei isso, mas a resposta é não. Acho que, por lei, tenho de receber um dólar. Por isso vai ser um dólar por ano”, anunciou. O salário normal é de 400 mil dólares por ano, ou seja, cerca de 33 mil dólares por mês.
Mas, e a célebre polémica declaração de rendimentos que estava sob auditoria e que, por isso, o empresário não queria revelar, nem com a pressão de Clinton e dos media? “Ninguém quer saber. Eu ganhei as eleições de forma fácil”, responde Trump, apesar de revelar que divulgará essa declaração em breve.
5. Obama Care
Em ambas as entrevistas, Donald Trump deu a entender que o sistema de saúde implementado por Obama não será totalmente destruído. Foi o próprio (ainda) Presidente quem terá convencido o próximo ocupante da Casa Branca a manter certas partes do Obama Care.
O que vai continuar? Os filhos vão poder usufruir do seguro de saúde dos pais até aos 26 anos de idade e as seguradoras vão continuar a ser impedidas de recusar seguros a pacientes com base em doenças que estes tenham no momento. Sobre o restante plano, Trump promete “melhores cuidados de saúde com menos custos”, disse à CBS.
6. Acordo climático de Paris
Alterações climáticas? “O que é isso?”, responderia Trump. O próximo Presidente dos EUA não acredita no consenso científico de que as alterações climáticas vão prejudicar a economia mundial e a qualidade de vida dos cidadãos, colocando em causa a manutenção da espécie em último caso. Só há uma coisa em que Donald Trump acredita a 100%: é preciso rasgar o acordo histórico alcançado em Paris.
7. O que ficou por dizer
Por responder ficou a forma como vai restabelecer empresas norte-americanas que saíram do país, como vai criar emprego ou de que forma vai lidar com a Reserva Federal de Janet Yellen. Em 2018, Trump poderá ‘despedir’ Yellen, que tem criticado, ao não reconduzi-la no cargo. Mas, até lá, apenas se a presidente da Fed se demitir é que o conflito acabará.
Não quero dizer nada sobre isso a ninguém.
A maior indefinição está mesmo nas relações internacionais que afetarão certamente as relações económicas também. China, Coreia do Norte e Rússia, para além do Médio Oriente, são os três focos de problemas para os Estados Unidos. Irá a América de Trump deixar de ser um player internacional? No início do próximo ano, quando Trump assumir o cargo, logo saberemos.
Editado por Mariana de Araújo Barbosa
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