“Gostamos de acordos assinados”, avisa Catarina Martins
A líder do BE garante não se arrepende de nada do que foi conseguido. Catarina Martins fala em maioria, em conseguir o impossível e enuncia cinco reformas estruturais para o futuro.
Catarina Martins defendeu este domingo que o Bloco de Esquerda gosta de “acordos assinados” e revelou que durante estes três anos de geringonça houve “apenas um momento” em que a posição conjunta esteve em risco – quando no final de 2016 o Governo quis baixar a Taxa Social Única para as empresas em troca do aumento do Salário Mínimo Nacional. No discurso de encerramento da convenção do Bloco de Esquerda, que decorreu em Lisboa, a líder do partido disse não se arrepender de ter entrado na solução que permitiu ao PS governar e destacou os “impossíveis” conseguidos pelo Bloco, que trabalha para uma “maioria”.
O episódio da TSU dos patrões serviu a Catarina Martins para explicar o tipo de acordo que defende no caso de nas legislativas de 2019 resultar uma votação que leve a negociações para formar Governo. “O acordo [assinado em novembro de 2015] com o BE impedia essa medida“, disse a líder bloquista, acrescentando que o partido leva “muito a sério” os compromissos assumidos. “Não damos com uma mão para tirar com a outra”, afirmou, concluindo que “é por isso que gostamos de contratos assinados”.
Em julho deste ano, o Público noticiou que Costa fará acordos não escritos com PCP e BE. A menos de um ano das legislativas, Catarina Martins aproveitou o palco da convenção para dizer que tipo de entendimentos defende.
A líder do Bloco de Esquerda mostrou sentir-se confortável com a solução de governo atual, nomeadamente nas conquistas que reclamou para o partido. “Não nos arrependemos de nada do que conseguimos“, afirmou, fazendo alguns balanços de legislatura. Falou do aumento do SMN – uma medida que resultou das posições de convergência assinadas em novembro de 2015 – que dá “mais 1.330 euros ao ano” aos cerca de 700 mil trabalhadores que o recebem. Referiu também, entre outros, a “poupança de 1.600 euros por cada filho na escolaridade obrigatória” em resultado da gratuitidade dos manuais escolares.
Catarina Martins criticou a direita por acusar o BE de trabalhar para clientelas e agradeceu que o façam. “Habituem-se agora ao Bloco”, disse, afirmando que “não há família em que os idosos os pais os filhos ou as netas” não tenham tido ganhos. “Lutamos para a maioria. Não nos esquecemos de ninguém”, disse no encerramento transmitido pelas televisões. “Faremos parte do Governo quando o povo quiser”, concluiu.
Antes de falar do caderno de encargos do partido para os próximos meses, a líder do BE disse ainda que “essa enorme maioria ficou com a certeza de que para o Bloco palavra dada é palavra cumprida” e garantiu que o partido fará o “impossível” pelo povo.
As cinco reformas estruturais
Depois de fazer um diagnóstico sobre os problemas que ainda existem – pobreza, dívida elevada e setores rentistas -, Catarina Martins garantiu que não abandonará os professores e falou do futuro imediato e traçou calendários para algumas das reformas estruturais que elencou – usando assim uma expressão habitualmente mais associada a partidos mais à direita. “Ainda faltam muitas da reformas estruturais.”
- Estabelecer o consenso constitucional para que uma nova Lei de Bases da Saúde seja “aprovada em 2019″.
- A demografia. Catarina Martins pediu “melhores salários, salários iguais para as mulheres, abono de família, transportes e livros gratuitos, a universalidade do estado social”.
- Combate às alterações climáticas, onde lembrou a insistência do BE em travar a exploração de petróleo em Portugal. E defendeu a “baixa progressiva para os preços dos passes sociais”, sinalizando assim que quer ir mais além da redução prevista para abril de 2019.
- Sobre o sistema de crédito e bens comuns, defendeu o “controlo público” em setores como o financeiro e os que produzem bens comuns como a eletricidade.
- Catarina Martins prometeu ainda que o Bloco tudo fará para que a sua proposta de criação da Entidade da Transparência “seja uma realidade ainda este ano” para que o combate à corrupção saia fortalecido.
Por fim, e referindo-se mais ao debate que será feito no âmbito das eleições europeias, marcadas para 26 de maio, a líder do BE defendeu mudanças no Tratado Orçamental, dada a “urgência de derrotar o tratado que criminaliza o investimento”. Apelou ainda ao crescimento da esquerda popular como forma de “barragem do ódio”.
(Notícia atualizada)
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