Orgulho no défice zero? “Não”, responde Catarina Martins
Líder do Bloco diz que não se orgulha da meta de défice zero do Orçamento do Estado que foi aprovado pelos partidos de esquerda esta semana. Engoliu sapos? "Essa pergunta não faz sentido".
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, diz que não se orgulha da meta de défice “zero” prevista no Orçamento do Estado para 2019, isto apesar de ter sido um dos partidos que aprovou na generalidade a proposta orçamental do Governo esta semana. Foi um engolir de sapos? “Essa pergunta não faz sentido”, responde. “Terá sido um sapo para o PS engolir um Orçamento do Estado que descongelaram e fizeram atualizações de pensões que no final da legislatura representam mais de mil milhões de euros?”, atira.
Em entrevista ao Expresso, Catarina Martins diz-se “orgulhosa” por ter provado, nos últimos anos, que “foi a recuperação de rendimentos de trabalho e de pensões que puxou pela economia, criou emprego e permitiu a consolidação das contas públicas”, mas não se orgulha propriamente do défice de quase 0% do PIB que o Orçamento do Estado para 2019 prevê.
“Esse défice [zero] não vem só do crescimento económico, mas de continuarmos a ter um investimento no Estado social e nos serviços públicos que fica muito aquém do necessário”, justificou a líder bloquista.
Recusando a ideia de “ter engolido vários sapos”, Catarina Martins diz mesmo que o Bloco de Esquerda não cedeu no Orçamento do Estado.
“Não ganhamos eleições e não temos força para impor o nosso programa”, argumentou na entrevista. Mas “quando vemos que estes orçamentos significaram uma recuperação de rendimentos de cinco mil milhões de euros, não houve cedências”, disse ainda.
"Orgulho no défice zero? Não, porque esse défice não vem só do crescimento económico, mas de continuarmos a ter um investimento no Estado social e nos serviços públicos que fica muito aquém do necessário”
Aprovada a proposta na generalidade no Parlamento, Catarina Martins espera que o debate da especialidade possa permitir uma melhoria do Orçamento do Estado para o próximo ano. “A energia precisa de ser corrigida, o IVA da cultura precisa de ser corrigido. Salários e carreiras, neste momento, estão fora do OE. Veremos como vamos lidar com isso”, elencou.
Na mesma entrevista, reconheceu que avaliou e agiu “mal” no caso Robles, “porque foi tudo muito confuso”, sem se perceber o que estava realmente em causa desde o início.
Sobre se há margem política para uma nova “geringonça”, a líder do Bloco de Esquerda respondeu afirmativamente: “Se crescermos e se as propostas deste género tiverem mais apoio social, achamos que pode haver um governo de esquerda de que o Bloco faça parte. E não fará parte sozinho e não vemos problema nisso”.
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