Governo francês recua e suspende aumento dos combustíveis
Face aos últimos protestos violentos, o Governo de Emmanuel Macron recuou e decidiu suspender o aumento dos combustíveis que estava previsto para janeiro.
Na sequência dos protestos violentos que têm acontecido nos últimos dias, o Governo francês decidiu recuar e suspender o aumento dos combustíveis que estava previsto para janeiro, de acordo com a notícia avançada pela Reuters (conteúdo em inglês), citando uma fonte do Governo. O anúncio já foi feito pelo primeiro-ministro francês, Édouard Philippe.
“Devemos apaziguar a situação para evitar que se degenere”, disse o primeiro-ministro, que fará uma declaração esta terça-feira sobre o assunto na televisão francesa, segundo a mesma fonte. “A moratória não colocará em questão a ambição da transição ecológica. Um imposto não é uma reforma, mas um meio de reforma”, argumentou o chefe de governo.
“Precisamos de dar aos franceses uma razão para recuperar o juízo”, continuou Philippe. “Nós vemos surgir em França uma raiva profunda que vem de longe, que há muito tem sido escondida por pudor e orgulho. Agora, é expressada de forma coletiva. A raiva dos franceses que sentem que estão voltados contra uma parede, que trabalham e não querem ser relegados”, declarou.
A 17 de novembro, os “coletes amarelos” invadiram as ruas de Paris, numa forma de protesto contra os elevados impostos acarretados pelas famílias francesas, consequência dos impostos aplicados pelo Governo aos combustíveis. Só no primeiro dia foram mobilizadas quase 250 mil pessoas. Para o Executivo daquele país, estes aumentos são necessários para combater as alterações climáticas e proteger o meio ambiente, diz a Reuters.
O problema é que, pouco tempo depois, estes protestos intensificaram-se, com os protestantes a criticarem o Governo, acusando-o de favorecer as classes mais ricas. Na sexta-feira, esta onda de manifestações alastrou-se também a Bruxelas, onde foram incendiados vários automóveis e detidas mais de 50 pessoas. Um dia depois, em Paris, os protestos tomaram proporções avassaladoras, principalmente na zona do Arco do Triunfo, com o monumento a ser pintado e várias estátuas partidas.
As reivindicações dos coletes amarelos não mudaram, nem mesmo depois de o Presidente Emmanuel Macron ter apelados aos franceses há cerca de uma semana. Para além dos aumentos dos combustíveis, os manifestantes protestam ainda contra a carga de impostos, a perda do poder de compra.
Os últimos dados sobre as ocorrências de sábado, de acordo com a Lusa, apontam para 136 mil pessoas unidas nestes protestos e 263 feridos, para além de centenas de detidos.
O debate sobre a crise dos “coletes amarelos” na Assembleia Nacional, na quarta-feira, será seguido por uma votação dos deputados que não implicará na responsabilização do Governo, referiu esta terça-feira uma fonte parlamentar à agência de notícias AFP. Este debate sobre a “tributação ecológica e o seu impacto sobre o poder de compra” será realizado a partir das 15h00 (14h00 horas em Lisboa), em vez da tradicional sessão de perguntas ao Governo.
(Notícia atualizada às 12h04 com declarações do primeiro-ministro francês)
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