OPEP vai decidir futuro do petróleo, mas é Trump quem faz mexer o mercado
Reunião nos próximos dois dias entre os principais produtores petrolíferos do mundo será marcada pela mancha do barril a 50 dólares. Mas também pela pressão política do presidente norte-americano.
O futuro do mercado petrolífero será decidido nos próximos dias em Viena, na reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros líderes de países produtores (grupo conhecido como OPEP+). Os EUA não estão convidados para o encontro, mas o presidente Donald Trump será a presença mais sentida.
A OPEP+ irá debater, esta quinta e sexta-feira, a extensão do atual acordo de cortes de produção petrolífera, em 2019, com o objetivo de diminuir a diferença entre oferta e procura, reequilibrando o mercado e causando um aumento gradual dos preços. Dadas as recentes quedas do valor da matéria-prima e as posições já defendidas por importantes países como a Arábia Saudita ou a Rússia, a expectativa do mercado é que seja decidido um novo corte de produção.
No entanto, uma nova redução nas quotas de cada país pode não ser suficiente. E a razão é Donald Trump. O presidente dos EUA tem-se mostrado crítico em relação à estratégia, justificando as palavras dizendo que preços mais altos penalizam a economia global. Ao longo do ano, tem usado o Twitter para as críticas e, na véspera da reunião, voltou a deixar claro qual o resultado que espera.
“Espero que a OPEP mantenha os fluxos de petróleo como estão, não restritos. O mundo não quer ver, nem precisa, de preços mais elevados do petróleo!”, afirmou Trump, na rede social.
Tweet from @realDonaldTrump
Em junho, o presidente usou também o Twitter para anunciar que tinha pedido ao rei Salman bin Abdelaziz da Arábia Saudita (maior produtor dentro da OPEP) para aumentar a oferta entre um e dois milhões de barris por dia. No mês passado, agradeceu ao país pela queda dos preços para 54 dólares, mas pedia mais, apesar de a exploração de petróleo de xisto norte-americana se ter tornado mais rentável graças à subida do valor.
Quotas de outubro de 2016 em cima da mesa
O preço do barril de crude WTI chegou a negociar abaixo dos 50 dólares, em novembro. No mês, acumulou um tombo de 22%, a maior desvalorização mensal desde outubro de 2008. A queda deixou os investidores particularmente preocupados dado, que menos de um mês antes, a matéria-prima negociava acima dos 70 dólares e alguns analistas já apontavam para os 100 dólares.
Petróleo em queda nos mercados
Com o petróleo em bear market, o presidente da OPEP Suhail al-Mazroui garantiu que seria necessário um novo corte de produção. E desta vez, parece que a Arábia Saudita irá alinhar novamente com o cartel. Após uma reunião com o monarca saudita, o presidente da Rússia Vladimir Putin disse que os dois países iam defender uma redução. Nenhuma das partes falou de volumes, mas fontes da OPEP disseram à Reuters que poderá ser decidido um regresso às quotas de outubro de 2016, o que significaria uma redução de 1,8 milhões de barris por dia.
As agências de rating também já frisaram a importância do resultado da reunião. A Fitch referiu que a OPEP+ é determinante para os preços a médio prazo, apontando para um intervalo entre os 60 e os 65 dólares por barril. Apesar de considerar que as sanções dos EUA ao Irão estão a ter um impacto menor que o esperado, a agência prevê que, a longo prazo, o valor caia para menos de 60 dólares devido à quebra nas margens dos produtores.
Ao nível empresarial, a Moody’s reviu esta quarta-feira em baixa a perspetiva para as empresas europeias para ‘estável’ da anterior ‘positiva’, nos próximos 12 a 18 meses. “O nosso outook estável para 2019 reflete a visão que o impulso positivo está a desacelerar após os fortes resultados em 2018, especialmente nos setor de petróleo e gás e matérias-primas”, explicou a agência.
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