Brand Therapist: marcas oferecem life coaching e aconselhamento sexual
“Através de novos ideais, produtos ou serviços, vamos viver em 2019 com mais estímulos à autorreflexão e a iniciativas que nos ajudam a desconectar do mundo digitalmente saturado”.
Hoje, em Nova Iorque tem-se um terapeuta. Em Los Angeles, um xamã. Num artigo recente, a Condé Nast Traveller aponta os Modern Mystics como uma nova tribo e uma das grandes tendências em lifestyle. Mas se sairmos do lifestyle para o branding — e se avançarmos para 2019 –, temos nas marcas uns “terapeutas”.
Numa mudança estratégica ou, se quisermos, de evolução, estão a criar novas formas de diálogo e até a reinventar a forma como se abordam certos tabus: falando de temas como a saúde sexual, a saúde mental ou a menopausa. Por outras palavras, dizem-nos que são humanas e que o seu propósito é maior do que apenas fazer dinheiro.
A JWT Intelligence chama-lhe Brand Therapists, a tendência que revela um esforço por parte das marcas de promoverem o bem-estar e aprofundarem o relacionamento com os consumidores. “Através de novos ideais, produtos ou serviços, vamos viver em 2019 com mais estímulos à autorreflexão e a iniciativas que nos ajudam a desconectar do mundo digitalmente saturado.
Na verdade, a tecnologia será um aliado neste caminho, uma vez que os players do setor estão cada vez mais focados em re-imaginar o nosso dia-a-dia, ganhando espaço nas nossas cidades, casas, na nossa saúde e educação”, explica Elisabete Ferreira, Digital Brand Transformation da JWT.
E há marcas que estão a levar a sério o conceito de retalho enquanto terapia. A Lola, que começou por vender tampões e que hoje tem uma gama mais vasta de produtos, está a tentar acabar com o estigma da saúde sexual e ir além do propósito utilitário, acrescentando valor através de conselhos de vida relacionados com o seu negócio. Lançou a campanha “Let’s Talk About It”, uma hotline pública, com mensagens pré-gravadas com questões sobre sexualidade. (FOTO2)
A Coach lançou em nova Iorque a Life Coach, uma pop-up interativa que encorajava a auto-descoberta através de cartas de tarot e sessões de astrologia.
Na Irlanda, o Lidl criou também um conjunto de pop-ups, onde num ambiente descontraído e ao sabor de um café se incentivava os jovens a falarem abertamente sobre a saúde mental, entre talks, sessões de ioga do riso e meditação. E mais recentemente, durante a semana de moda de Paris, o designer holandês Schueller de Waal, em vez de apresentar a tradicional coleção, surpreendeu com a criação de um centro de bem-estar com massagens e um filme de hipnoterapia.
São 100, as tendências apontadas para 2019 no novo relatório da JWT Intelligence. Depois de um ano de mudanças “entre perturbadoras correntes políticas, económicas e ambientais, desenvolveram-se culturas, novos comportamentos e surgiram “modismos” como formas de resposta a tanta turbulência. Se muito se falou sobre a geração Z, pelo seu poder de influenciar as decisões de consumo de amigos, seguidores e das próprias famílias, em 2019 vamos assistir a uma maior influência da microgeração Xennial (nascidos entre 1977 e 1983), que surge cada vez mais participativa em temáticas culturais e politicas”, acrescenta Elisabete Ferreira.
What’s Next? Ainda mais mudanças! “Vamos assistir à desconstrução de modelos pré-concebidos, como a maternidade e a masculinidade, onde as marcas têm uma cota parte de culpa ao reforçar e criar estereótipos. Haverá um esforço conjunto – influenciadores e marcas – para promover o bem-estar e construir um mindset mais sustentável, pelo que é hora de considerar comportamentos mais responsáveis na consumer journey e no ciclo de vida do produto. É o ano de as marcas assumirem um papel relevante nas nossas vidas, no mundo”.
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