Madoff cumpriu hoje 10 anos de prisão. Faltam 140. Lesados já recuperaram 13 mil milhões

Uma década depois de uma das maiores fraudes de sempre, investidores lesados de Bernard Madoff começam a recuperar os milhões perdidos. Graças a um advogado conseguiram 70% do que perderam no total.

Bernard Madoff à saída do tribunal federal de Nova Iorque a 10 de março de 2009.PETER FOLEY / EPA

Foi uma das maiores fraudes da história. Há precisamente dez anos, Bernard Madoff — mais conhecido como Bernie Madoff — era condenado a 150 anos de prisão pelo maior “esquema de Ponzi” de sempre, que chegou aos 65 mil milhões de dólares.

Destes 65 mil milhões que o empresário norte-americano dizia administrar através do seu banco de investimento, cerca de 45 mil milhões eram lucros falsos. O esquema em pirâmide liquidou ao todo 19 mil milhões de dólares de investidores, celebridades e instituições de caridade que eram clientes de Madoff desde a década de 1970.

Agora, os lesados estão a conseguir, aos poucos, reaver o dinheiro investido. E tudo graças a Irving H. Picard, advogado à frente do caso Madoff desde que rebentou, em 2008. É ele que tem supervisionado a liquidação da empresa de Madoff junto do tribunal de falências. Segundo a Bloomberg, o jurista já conseguiu recuperar 13,3 mil milhões de dólares (cerca de 12 mil milhões de euros), 70% do total perdido pelos investidores, ao processar todos os que lucraram com o esquema, direta ou indiretamente.

A sua meta é, porém, mais alta. Se for bem-sucedido em todos esses casos, Picard espera conseguir chegar a uma taxa de recuperação de 91% do total perdido pelas vítimas.

Personalidades como Steven Spielberg ou Kevin Bacon, e bancos como o Santander e o BBVA, constam da lista dos defraudados. De fundos portugueses julga-se que entraram 76 milhões de euros no esquema fraudulento de Madoff.

Ainda faltam 140 anos para cumprir pena

A 11 de dezembro de 2008, Bernard Madoff, com 71 anos, foi condenado pelo juiz Denny Chin a 150 anos de prisão por vários crimes de fraude, branqueamento de capitais e relatórios falsos de despesa — a pena máxima pedida pelos procuradores americanos.

Em tribunal mostrou-se arrependido, tendo pedido desculpa aos investidores, empregados e à mulher. “Deixei um legado de vergonha, como algumas das minhas vítimas apontaram, à minha família e aos meus netos. Isto é algo com que terei de lidar para o resto da minha vida”, afirmou na altura.

De origem judaica, Madoff nasceu em 1938, em Queens e, além do jeito para os negócios em encontros de amigos e eventos sociais, sempre foi visto como um filantropo, tendo sido membro de Conselho de várias instituições sem fins lucrativos, como a New York City Center.

Chegou a trabalhar como nadador-salvador e instalador de aspersores. Em 1960, fundou a sua empresa — a Bernard Madoff Investiment Securities –, que chegou a ser o maior criador de mercado na bolsa de valores tecnológicas Nasdaq, da qual Madoff veio a ser presidente. Antes de falir, em 2008, o banco de Madoff foi o sexto maior criador de mercado em Wall Street.

A maior fraude da história já foi transportada para a ficção. Em 2017, Robert De Niro encarnou Bernard Madoff no filme “The Wizard of Lies“, com Michelle Pfeiffer no elenco. O filme foi nomeado para dois Globos de Ouro.

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