A sua próxima entrevista de trabalho pode ser assim: as perguntas são feitas por um robô
A sua próxima entrevista de trabalho pode ser assim: à meia-noite, em casa, no intervalo do cinema ou em qualquer outro lugar. Do outro lado da "mesa", as perguntas vêm - imagine só - de um robô.
O mundo está a mudar e o mercado laboral não é exceção. As empresas enfrentam aqueles que são os desafios da transformação digital e tentam reinventar-se para garantir a sua sobrevivência. Os candidatos, por outro lado, chegam agora às organizações com novas exigências e diferentes maneiras de encarar a carreira profissional.
Mas, no meio de tudo isto, nem o próprio processo de recrutamento e seleção escapa às transformações. A sua próxima entrevista de trabalho pode ser assim: à meia-noite, em casa, no intervalo do cinema ou em qualquer outro lugar. Do outro lado da “mesa”, as perguntas vêm — imagine só — de um robô.
Parece óbvio (e, de certa forma, ainda é verdade) que a entrevista só começa quando o entrevistador está presente, em frente ao entrevistado. Mas, agora, o primeiro pode não aparecer em formato “carne e osso”. Em vez disso, o entrevistador apresenta-se virtualmente, com recurso à inteligência artificial e a uma data de algoritmos.
“É um entrevistador virtual que está a entrevistar”, explica José Miguel Leonardo, CEO da Randstad Portugal. “Ele faz um filme, que depois é analisado pelos nossos consultores, mas não se trata de um mera câmara, é algo muito mais sofisticado”, acrescenta.
Estamos a falar de um complexo algoritmo que foi programado para fazer as perguntas, consoante o rumo da conversa, gravá-las, ler o tom de voz do candidato e analisar uma série de outros componentes. Há, ainda, a possibilidade de tornar tudo isto mais “real”, caso o recrutador — este agora em “carne e osso” — se grave, previamente, a si mesmo a fazer as perguntas. Assim, quando o candidato decidir dar início à entrevista, irá ver a imagem do recrutador e ouvir, também, a sua voz.
Temos a possibilidade de fazer a entrevista à la carte. Cada vez mais é o indivíduo que controla.
Além disso, quem decide a data, o local e a hora é o candidato, tendo mais poder de decisão e maior flexibilidade. “Temos a possibilidade de fazer a entrevista à la carte. Cada vez mais é o indivíduo que controla”, afirma José Miguel Leonardo. “Trata-se de uma aplicação onde é o candidato que pode escolher quando é que quer fazer a entrevista”, explica.
O produto final segue para o consultor de recursos humanos, que a empresa garante ser indispensável neste processo, mas já com algumas anotações e classificações, de acordo com o perfil que é pretendido para o cargo em questão. Trata-se, portanto, de um sistema que apoia a decisão final, sendo que esta cabe a um humano.
Ainda sem muitos mais detalhes sobre este novo formato de entrevistas, que ainda não foi oficialmente lançado, a empresa de serviços de recursos humanos garante que esta aplicação foi testada, com sucesso, na sua Digital Factory. Este projeto deixará de ser um projeto-piloto muito em breve, “garantidamente no primeiro semestre do próximo ano já está a funcionar”, avança a empresa.
Testes psicotécnicos mais divertidos
Com todas as transformações tecnológicas, também a própria experiência das pessoas ao candidatarem-se a uma nova função de trabalho acaba, inevitavelmente, por mudar. Não só as entrevistas, mas também os próprios testes psicotécnicos prometem ser diferentes, sobretudo mais divertidos.
Na Randstad, validar competências já não tem nada a ver com os tradicionais testes psicotécnicos que tanto se faziam muito antigamente. O sistema de gamification — que não é mais do que aplicar métodos baseados em jogos para outro tipo de finalidades — tem sido aplicado, não só no processo de seleção mas até para identificar as pessoas que são top performances (ou seja, pessoas que habitualmente têm cargos de liderança numa determinada organização).
O objetivo do jogo é que, no final, se encontre a pessoa com o perfil mais aproximado desses top performances. “E o jogo é giríssimo. Eu já joguei e é divertido para quem o faz”, confessa José Miguel Leonardo. Trata-se de um sistema focado na experiência do candidato e que pretende ajudar as pessoas a reconhecerem o seu talento e competências.
“O YouPlan é o nosso Uber da planificação de trabalho”
Foi lançada no passado mês de outubro e permite às empresas gerir escalas, planear turnos, propor horas extra, introduzir avaliações e registos de horas. A aplicação YouPlan promete, no fundo, uma comunicação entre as três partes (empresa de recrutamento, cliente e colaboradores) mais fácil e imediata. “É uma ferramenta fantástica”, diz o líder da empresa de recrutamento.
Esta ideia de criar uma app para facilitar todo o processo só foi possível graças ao acesso — quase universal — a smartphones e a redes de dados. É algo de tal maneira pulverizado que, hoje em dia, é mais fácil entrar alguém que o faça do que o contrário. Por um lado, a Randstad decidiu criar a YouPlan também a pensar nas indústrias que têm necessidade de fazer turnos extraordinários de um dia para o outro e na quantidade de pessoas que têm trabalhos que não exigem que estejam sentadas todo o dia à frente de um computador. Assim, com o telemóvel no bolso, estes colaboradores têm acesso imediato às necessidades e oportunidades que surgem.
“O YouPlan é o nosso Uber da planificação de trabalho. Vamos terminar o ano com 40 clientes e mais de 100 colaboradores a utilizá-lo“, refere.
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