Malparado continua a encolher. Mas banca ainda tem 30 mil milhões para “limpar”
Os bancos prosseguem os esforços de "limpeza" de balanços, com os setor a tentar desfazer-se dos créditos. Desde o máximo, os bancos já se libertaram de 19,2 mil milhões, diz o Banco de Portugal.
O malparado é um fardo pesado para a banca portuguesa. Está mais leve, continuando a reduzir-se paulatinamente trimestre após trimestre, mostram os dados do Banco de Portugal. Mas mesmo depois de os bancos se terem libertado de 19,2 mil milhões de euros destes créditos em incumprimento desde o pico, continua a faltar solução para empréstimos avaliados em 30 mil milhões.
“No terceiro trimestre de 2018, o rácio de NPL (non-performing loans, malparado em português) diminuiu 0,4 pontos percentuais, para 11,3%, beneficiando da redução do stock de empréstimos non-performing em 1,3 mil milhões de euros (4%)”, revelam os dados do sistema bancário português do Banco de Portugal. “A redução deste rácio foi mais expressiva no segmento dos particulares”, salienta.
Mantém-se, assim, a tendência de redução destes créditos em incumprimento no balanço dos bancos nacionais, elevando-se o total de redução de NPL face ao máximo histórico, observado em junho de 2016, para um valor de 19,2 mil milhões de euros. O rácio de NPL diminuiu 6,6 pontos percentuais face ao recorde.
O Banco de Portugal salienta que esta quebra de 19,2 mil milhões reflete “uma redução de 38% do stock total de NPL”. Ou seja, apesar da diminuição expressiva, num período de pouco mais de dois anos, os bancos ainda não chegaram a “meio caminho” do objetivo, estando a faltar “limpar” cerca de 30 mil milhões.
A fasquia dos 20 mil milhões de euros de malparado que desapareceu do balanço dos bancos deverá ter sido atingida no final do ano passado. Praticamente todos os bancos estão a envidar esforços nesse sentido, sendo que o Novo Banco dará um forte contributo para esse total, isto porque realizou a venda de uma carteira de malparado avaliada em 2.150 milhões de euros.
Menos provisões, “rentabilidade aumenta significativamente”
Perante a quebra do malparado, mas também do aumento dos rácios de cobertura desses créditos, os bancos têm vindo a reduzir as provisões que realizam. E essa movimentação está a puxar pela rentabilidade do setor. “Nos primeiros três trimestres de 2018, a rendibilidade do sistema bancário aumentou significativamente“, diz o Banco de Portugal, salientando que “a rendibilidade dos capitais próprios cresceu 3,9 pontos percentuais e a rendibilidade do ativo (ROA) aumentou 0,4 pontos”.
"Nos primeiros três trimestres de 2018, a rendibilidade do sistema bancário aumentou significativamente.”
“A evolução positiva da rendibilidade nos primeiros três trimestres de 2018 face ao período homólogo, refletiu, principalmente, uma diminuição do fluxo de provisões e imparidades (-644 milhões de euros, -32%) e, em menor grau, uma redução dos custos operacionais (-398 milhões, -9%)”, acrescenta o supervisor do setor, liderado por Carlos Costa.
“A redução dos custos com imparidades e provisões contribuiu em cerca de 22 pontos base para o aumento do ROA em termos homólogos, tendo a redução dos custos operacionais contribuído em 14 pontos base”, nota, acrescentando que “o contributo da margem financeira para o ROA manteve-se relativamente estável face ao período homólogo, tal como o contributo das comissões líquidas”.
(Notícia atualizada às 13h40 com mais informação)
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