Governo pediu a Macedo para tomar medidas com base na auditoria forense à CGD

Relatório de auditoria da EY a atos de gestão da CGD entre 2000 e 2015 revela perda de 1.200 milhões em crédito de risco. Foram concedidos empréstimos sem respeitar regras de concessão de crédito.

O Governo pediu à administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) que adotasse todas as medidas necessárias para que fossem apuradas responsabilidades que possam resultar do relatório da auditoria que pediu à EY sobre os atos de gestão do banco público entre 2000 e 2015. Das Finanças seguiram ainda outras duas instruções para Paulo Macedo: que envie o relatório para as autoridades competentes, mas também que proteja a situação patrimonial da CGD.

“O Governo solicitou à Administração da CGD que fossem efetuadas todas as diligências necessárias para apurar quaisquer responsabilidades que possam advir da informação constante do relatório”, diz uma nota do Ministério das Finanças, que foi enviada para a TSF que está a dedicar o Fórum ao tema da auditoria à Caixa. Este pedido dirigido a Paulo Macedo foi feito apesar de o Governo defender que como “o relatório de auditoria contém informação sujeita a sigilo bancário”, ” não é suscetível de disponibilização ao acionista”.

A nota não refere qual o momento do tempo exato em que o Governo fez este pedido à administração do banco público e se o apuramento de responsabilidades que pede a Paulo Macedo pode ser também interno. Fonte oficial das Finanças salienta que este pedido terá sido feito no momento em que foi pedida a auditoria, ainda em 2016.

A nota, enviada também ao ECO a pedido deste, lembra que “o Governo solicitou a realização de uma auditoria independente a atos de gestão da CGD entre 2000 e 2015 e, no âmbito do exercício da sua função acionista, deu instruções à CGD para que relatório fosse remetido ao Banco de Portugal e ao Mecanismo Único de Supervisão do Banco Central Europeu, bem como a outras autoridades judiciais, de inspeção, de supervisão ou em matéria tributária, caso os elementos do relatório se afigurassem relevantes para o exercício das suas atribuições“.

O relatório, que foi divulgado domingo à noite pela comentadora da CMTV Joana Amaral Dias e a que o ECO teve acesso, revela que o banco público perdeu 1.200 milhões de euros em créditos de risco, 555 milhões de euros só num negócio com o BCP e que, entre 2007 e 2012, 7% das operações de crédito analisadas pela auditora foram aprovadas apesar dos pareceres desfavoráveis da Direção Global de Risco, sem que existam justificações para essa decisão. Trata-se de uma versão preliminar do relatório com data de novembro de 2017.

“O Governo continuará a acompanhar este tema, tendo transmitido ao Conselho de Administração da CGD a necessidade de tomar as medidas adequadas para a defesa da situação patrimonial da CGD”, acrescentou o Ministério das Finanças na mesma nota que que foi enviada para a TSF. Nem o Ministério das Finanças nem a administração da CGD aceitaram o convite para participar no debate que a rádio do grupo Global Notícias está a fazer. Em 2017, a Caixa foi recapitalizada em quase 4.000 milhões de euros.

“O Governo está focado no presente e no futuro da CGD, através da implementação do seu plano estratégico, para garantir que a Caixa está em condições de exercer a sua função ao serviço da economia portuguesa”, concluem as Finanças.

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