Com a chegada dos robôs, quase 90% das empresas pretendem manter ou aumentar força de trabalho

Como resultado da automação, 87% das empresas pretende manter ou aumentar o número de colaboradores, diz a Manpower Group. Capacidades humanas, sociais e emocionais serão cada vez mais procuradas.

Quando se fala em transformação digital ou automação, depressa há quem se recorde da robô Sophia, no Web Summit de novembro de 2017, a proferir a seguinte frase: “Vamos ficar com os vossos empregos (…)”. No entanto, a Manpower Group veio demonstrar que pode não ser bem assim. De acordo com as conclusões do seu mais recente estudo (“Human Wanted: Robots Need You”), 87% das empresas pretende manter ou aumentar o número de colaboradores, como resultado da automação.

O valor é explicado pela aposta que estas empresas estão a fazer no digital. “Ao invés de reduzir as oportunidades de emprego, as organizações estão cada vez mais a investir no digital, transferindo algumas tarefas para robôs e criando empregos onde as características humanas são cruciais“, explica a Manpower Group em comunicado. Talvez isso já explique o resto da frase de Sophia: “Vamos ficar com os vossos empregos e isso será algo bom”.

De facto, as empresas que estão a adotar a digitalização estão a crescer mais rapidamente e, consequentemente, a criar novas profissões dentro da organização. Cerca de 24% destas empresas dizem que, ao longo dos próximos dois anos, esperam criar mais empregos. O valor é seis pontos percentuais superior ao apresentado por aquelas empresas que não têm intenções de automatizar parte dos processos.

Por outro lado, a percentagem de empresas, a nível mundial, que prevê diminuir a força de trabalho apresentou uma queda de 12% para 9%.

E, se a maioria dos profissionais não possui as novas competências requisitadas no mercado de trabalho, as próprias empresas vão encarregar-se disso mesmo. “Com a escassez de talento a atingir o nível mais alto dos últimos 12 anos, mais empresas tencionam ajudar os seus colaboradores a ganharem mais aptidões ou a desenvolverem algumas inatas. É o caso das competências humanas, que não podem ser substituídas pelas máquinas”, refere a Manpower Group.

O estudo da Manpower Group inquiriu mais de 19 mil empregadores de 44 países, incluindo Portugal.Pixabay

Perante este cenário, os candidatos que demonstrem capacidades cognitivas mais elevadas, criatividade, capacidade de processar informações complexas, empatia e flexibilidade podem ser, muito provavelmente, os mais bem-sucedidos na hora da contratação. De acordo com o estudo da empresa, “até 2030, a procura por capacidades humanas, sociais e emocionais vai aumentar 22% em todos os setores nos países europeus”.

Ainda assim, serão os robôs de confiança?

Embora Rui Teixeira, managing director da Manpower Group Solutions, acredite que “a confiança nos processos de automação está a aumentar em todo o mundo” — com as empresas a perceber que os robôs estão a influenciar positivamente a produtividade, sendo cruciais para o seu crescimento — ainda há muita desconfiança. De acordo com o artigo da Computers in Human Behavior, citado na Fast Company (acesso livre, conteúdo em inglês), quanto mais robôs existem e quanto mais a sua aparência se aproxima de pessoas reais, mais os humanos desconfiam deles.

Para Timo Gnambs e Markus Appel, autores deste estudo, que inquiriu mais de 80 mil cidadãos de 27 países europeus diferentes, em 2012, 2014 e 2017, à medida que o tempo passa e as máquinas se tornam mais avançadas, a desconfiança entre os humanos aumenta, sendo que as mulheres e os operários são os que apresentam os sentimentos mais negativos.

A desconfiança estará relacionada, não tanto com o design mas mais com a relação de proximidade entre humanos e robôs. Quando foi introduzido o conceito de robôs que, por exemplo, limpam casas e escritórios, a reação dos inquiridos foi mais ou menos positiva. Por outro lado, quando os robôs se aproximam dos humanos — enfermeiras robôs ou carros autónomos — os inquiridos assumiram uma posição mais negativa. A conclusão foi que as críticas aumentam à medida que a intimidade com o próprio robô aumenta, independentemente da sua aparência mais ou menos amigável.

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