Fundos de investimento em Portugal voltam a testar blockchain
Apesar de haver uma plataforma portuguesa pronta a usar há mais de um ano, continua na gaveta. Banco Best e o Credit Suisse já transacionam na tecnologia, mas através de uma solução estrangeira.
Foi a tecnologia que deu à luz as criptomoedas, mas há muito que o sistema financeiro lhe piscou o olho para outras funcionalidades. A blockchain está a ser testada pelos fundos de investimento, tendo o banco Best e a gestora de ativos Credit Suisse Asset Management realizado esta quinta-feira transações na plataforma FundsDLT, pela primeira vez. A escolha recaiu sobre uma solução internacional, apesar de existir uma plataforma portuguesa pronta a usar, na gaveta há mais de um ano.
Na prática, as duas instituições utilizaram a plataforma descentralizada baseada em tecnologia blockchain, FundsDLT, para distribuir internacionalmente um fundo de investimento. Em comunicado, defenderam que o sucesso da operação revela a eficiência, escalabilidade e eficácia de um novo modelo que poderá ser a evolução da distribuição de fundos de investimento. As transações abrangeram todo o processo de subscrição de fundos de investimento, desde o momento de registo da ordem até ao processamento da operação.
“Esta prova de conceito é uma grande conquista e reforça o compromisso do banco Best de estar ao lado quem vai à frente. Queremos estar envolvidos na tecnologia blockchain para trabalhar em parceria com todos os stakeholders, tendo por objetivo adaptar e aproveitar novas oportunidades para o nosso modelo de negócio, com a ambição de melhorar a experiência do cliente, bem como promover a inclusão financeira”, afirmou Carlos Almeida, diretor de investimentos do banco Best, em comunicado.
O banco desenvolveu uma application programming interface (API) e criou uma aplicação para avaliar o impacto total da experiência do cliente, tendo concluído que a inovação permitiu reduzir, “de forma substancial”, o tempo entre o registo da ordem e a liquidação da operação.
Plataforma internacional em crescimento, enquanto a portuguesa espera
A FundsDLT é uma plataforma que está a ser desenvolvida para permitir a gestores de ativos que distribuam fundos de investimento através de um novo canal, reduzindo os custos administrativos e o tempo de processamento. Pretende agilizar procedimentos e automatizar tarefas de forma segura, em vários países.
Claude Metz, head of shareholder services do Credit Suisse Fund Services, no Luxemburgo, considera que “a integração com a FundsDLT foi muito eficiente e direta”. Sublinhou esperar que a blockchain, combinada com um potencial serviço KYC [Know Your Customer], revolucione a indústria de fundos de investimento. “Esta iniciativa irá beneficiar os investidores, distribuidores e transfer agents do ponto de vista da eficiência operacional, sendo que estamos apenas no início desta caminhada promissora”, afirmou.
A experiência não é, no entanto, a primeira. Em março de 2017, a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios
(APFIPP), apresentou uma plataforma semelhante. O projeto, que foi acompanhado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), pretendia simplificar e tornar mais eficiente a distribuição de fundos em Portugal e reduzir a necessidade de intervenção de entidades intermediárias. O objetivo era também tornar o processo de recolha de informação para reporte ao regulador mais eficiente e menos oneroso, facilitando a regulação e respondendo à exigência de um maior rigor e transparência no reporte de operações.
As semelhanças com a FundsDLT são grandes, mas a solução portuguesa ficou na gaveta e nunca chegou a ser aplicada. Chegou a ser apresentada a stakeholders envolvidos na área de distribuição de fundos a nível nacional, cujo objetivo era avaliar a implementação de um teste piloto com um conjunto de entidades. No entanto, este nunca chegou a avançar e o projeto acabou por ficar no papel.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Fundos de investimento em Portugal voltam a testar blockchain
{{ noCommentsLabel }}