Grupo Dia com prejuízos recorde. Vai despedir 2.100 funcionários em Espanha

A dona do Minipreço encerrou o ano com prejuízos de 352,6 milhões de euros. O plano estratégico para os próximos cinco anos passa pelo despedimento de trabalhadores, mas só no país vizinho.

Foi, “provavelmente, o ano mais difícil desde a fundação da empresa há mais de 40 anos”. As palavras são do presidente executivo do Grupo Dia, no dia em que anunciou prejuízos recorde. Perante a crise, a dona do Minipreço avança com um plano estratégico para os próximos cinco anos, prevendo a saída de milhares de trabalhadores.

Os 352,6 milhões de euros de prejuízos comparam com os 101,2 milhões de euros de lucros obtidos em 2017, lê-se no comunicado enviado pela empresa. Este resultado ficou a dever-se ao “impacto de 288 milhões de euros após o teste de valorização dos ativos”. Sem este impacto, a empresa refere que o resultado líquido ajustado foi de 49,7 milhões de euros, uma quebra de 74% face ao ano anterior.

O EBITDA diminuiu 34,8% para 338 milhões, isto ao mesmo tempo que as vendas recuaram 14,9% para os 9.390 milhões de euros, “com os negócios de Clarel e Max Descuento descontinuados“.

O valor mais elevado de vendas foi alcançado em Espanha, totalizando 5.148 milhões de euros, mas até essas caíram 2,4% face a 2017. Apesar disso, “verificou-se um importante crescimento da venda online com um aumento de 37%, alcançando os 78 milhões de euros, cerca de 1,5% do volume total de vendas brutas do país”.

Sobre os restantes três mercados em que o Grupo está inserido — Brasil e Argentina –, Portugal apresenta-se como o menos significativo. Aqui, “onde a DIA iniciou os testes de comércio online, as vendas brutas alcançaram os 808 milhões de euros, menos 3,1%“.

Despedimentos, mas só em Espanha

“Os números apresentados e, em particular, os resultados de 2018, são um claro indicador de que o nosso desempenho não alcançou as expectativas“, diz Borja de La Cierva, presidente executivo do Grupo Dia, citado em comunicado. A empresa terminou o ano com 6.157 lojas, mais 57 do que no ano anterior.

Face a estes resultados, a cadeia espanhola vai revolucionar a sua estratégia. O Plano Estratégico 2018-2023 terá como objetivo “aumentar a quota de mercado no setor”, lê-se no comunicado. Para isso, a empresa vai avançar com um “processo de despedimento coletivo que afetará as empresas DIA e TWINS em Espanha”.

Processo esse que afetará “um máximo de 2.100 empregos”, arrancando nos próximos dias um período de consulta com os representantes dos trabalhadores. Contactado pelo ECO, a empresa assegurou que os despedimentos não incluem os trabalhadores em Portugal.

Novo plano a meio de uma OPA

Estes resultados negativos vieram agravar a crise do Grupo Dia. Atolado em dívidas — a dívida líquida aumentou 506 milhões para 1.452 milhões de euros –, a cadeia de retalho tem procurar encontrar formas de reduzir a alavancagem. Tem em marcha, entre outros, um plano de venda de ativos para realizar dinheiro que permita encolher o endividamento.

No entanto, um dos acionistas de referência do Grupo, contando com 29% do capital, tem uma solução diferente. O milionário russo Mikhail Fridman, que detém a Letterone, anunciou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a dona do Minipreço.

De acordo com o Expansión, a intenção de Fridman passa por controlar a cotada espanhola a 100%. Após tomar controlo, avançar com um aumento de capital de 500 milhões de euros.

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