Fundo Elliott é contra a OPA à EDP. E propõe venda da EDP Brasil

A OPA apresentada pela China Three Gorges "é um impedimento ao crescimento da EDP", diz o Fundo Elliot. E propõe medidas alternativas como a venda do negócio no Brasil.

O Fundo Elliott, que tem menos de 3% da EDP, tomou pela primeira vez uma posição sobre a OPA apresentada pela China Three Gorges. E é negativa. “É evidente para nós que a Oferta da CTG não favorece os melhores interesses dos stakeholders da EDP. A contrapartida é excessivamente baixa, o processo encontra-se paralisado e as alterações provavelmente requeridas pela Oferta da CTG seriam baseadas em requisitos regulatórios e não nos melhores interesses de todos os stakeholders. Chegados a este ponto, a continuação da existência de uma Oferta que se considera impossível concluir com êxito, na sua forma atual, está a dificultar o crescimento da EDP. Acreditamos que a EDP deve ultrapassar rapidamente a Oferta e a definição de um novo rumo é urgente”, pode ler-se numa carta enviada ao Conselho Geral e de Supervisão, liderado por Luís Amado.

A OPA à EDP, recorde-se, foi lançada em maio a 3,26 euros por ação e tem-se arrastado desde então. Até ao momento, os chineses ainda não registaram a oferta em Bruxelas, condição necessário para a chegada da operação ao mercado. Mas até agora, nenhum acionista tinha assumido uma posição sobre a oferta, seja pelo preço, seja pelo projeto industrial. Até agora. “Em qualquer cenário futuro, a CTG desempenhará um papel importante na definição do caminho da EDP. Contudo, é evidente para nós, e para muitos outros acionistas, que a Oferta da CTG, tal como se encontra atualmente, não favorece os melhores interesses dos stakeholders da EDP e, em última análise, conduzirá a um enfraquecimento da EDP que será: uma empresa mais volátil, com um conjunto de ativos menos atrativo e com poucas oportunidades de crescimento”.

A gestão de António Mexia também não escapa às críticas do fundo Eliott, por duas ordens de razões:

  1. Embora o portfólio da EDP inclua áreas de grande potencial, quando a consideramos como uma única empresa, falta-lhe foco. As quatro principais unidades de negócio já operam como entidades autónomas com sinergias limitadas. É difícil para os investidores avaliar o portfólio de forma justa, uma vez que os negócios da EDP com múltiplos elevados são diluídos por divisões com múltiplos baixos, resultando num desconto do conglomerado.
  2. A EDP encontra-se também excessivamente alavancada. Com uma dívida líquida/EBITDA de 4,01x, a EDP detém um dos níveis mais elevados de alavancagem do setor, com elevados custos financeiros associados. Em consequência das referidas restrições a nível de capital, a capacidade da EDP para encontrar oportunidades de crescimento tem sido consideravelmente reduzida, privando a empresa e os seus acionistas da possibilidade de acelerar o investimento em oportunidades de alto retorno que se encontram disponíveis nos principais mercados da EDP.

O fundo Elliott chegou, viu e disse ao que vinha. Com um plano para apresentar aos outros acionistas e à gestão, e que vai levar à próxima assembleia geral da elétrica. Além de chumbar a OPA, o que propõe este acionista-ativista, para levar a ação para um preço de 4,33 euros, contra a oferta de 3,26 euros por ação:

  • A EDP deverá ser capaz de aumentar substancialmente a capacidade de produção de energia renovável para consolidar a sua posição no mercado. A opinião de Elliott é que a empresa deveria aumentar c. 2 GW de capacidade anualmente. A referida meta é alcançável, por exemplo, utilizando c. 3 GW da capacidade na América do Norte, que se encontra atualmente em fase de pré-desenvolvimento.
  • E do lado da desalavancagem, há uma surpresa: O fundo Elliott quer vender a participação da EDP Brasil. “Dado o potencial de crescimento do mercado brasileiro, a Elliott acredita que a EDP Brasil é um negócio atraente, que beneficiaria de um novo proprietário empenhado e disposto a realizar os investimentos necessários. A participação da EDP na EDP Brasil poderia ser vendida com um prémio significativo em relação ao valor atual de negociação, em linha com as recentes transações de utilities no Brasil, tendo em conta que existe procura considerável por este tipo de plataformas”.
  • Mas não só. A EDP deve também vender uma participação de 49% na sua distribuição de eletricidade Ibérica. “As Redes Ibéricas são um ativo regulado com fluxos de caixa de longa duração sendo uma das poucas oportunidades que restam a investidores financeiros que pretendem investir nesta área. Tendo em conta a recente subida da notação de rating de Portugal, os negócios da EDP nas Redes Ibéricas serão atrativos para um grande número de compradores”.

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