Líder da UGT acusa ministros de “desrespeito”. Apela a Marcelo

  • ECO
  • 14 Fevereiro 2019

Carlos Silva considera que a UGT faz mais oposição que os partidos e defende que o país vive "um sobressalto cívico e sindical" porque o Governo "alimentou expetativas a cima das suas possibilidades".

O secretário-geral da UGT reconhece que existe “algum mal-estar” entre a UGT e o Governo, porque “a posição” da central sindical “está a incomodar” o Executivo. Em entrevista ao Público (acesso pago) e à Renascença (acesso livre), Carlos Silva defende que o país vive “um sobressalto cívico e sindical” e a culpa é do Governo que “alimentou expectativas acima das suas possibilidades”.

“O que há agora é um sobressalto cívico e sindical por parte dos trabalhadores da Administração Pública que não se acomodam perante a incapacidade do Governo de vir ao encontro das suas expectativas”, afirma Carlos Silva. Mas ressalva: “Vir ao encontro não é dar tudo o que se pede, não. Muitas vezes basta sentar-se à mesa e tentar manter um processo negocial“.

E o problema é que o Governo não tem sabido manter negociações em particular com a Função Pública. “Não há dinheiro e se não há dinheiro, não há negociação: é isto que diz o Governo quando fala com os sindicatos, dos enfermeiros aos professores. Há uma convergência do mundo sindical e compete ao Governo perceber o que está em cima da mesa”.

A inaptidão para negociar é sobretudo visível ao nível da greve dos enfermeiros. Carlos Silva admite que está preocupado com a situação e que é necessário parar para pensar. No entanto, a posição da ministra da Saúde não ajuda. “É evidente que há um momento em que temos de parar para pensar. Esse momento chegou não apenas por causa da questão da requisição civil”, explica o responsável sindical. Na sua opinião a tensão vai aliviar, até porque a UGT está em conversações com Carlos Ramalho, do Sindepor, para perceber os “passos que podem ser dados para amenizar a situação”.

“Mas é fundamental perceber-se que do outro lado está um interlocutor e à ministra da Saúde resvalou-lhe o pé para o chinelo“, criticou Carlos Silva. “Entendeu que não havia condições para negociar. Houve uma radicalização de posições. O ideal é que se termine a greve mas o Governo deve ter a consciência que a opinião pública está alertada para a situação que se vive no SNS”, acrescentou.

Carlos Silva não está contra a utilização de crowdfunding para financiar as greves, porque este mecanismo “tem uma roupagem legal” em Portugal, mas admite que está de acordo com a proposta do PS para se criar uma lei para quebrar o anonimato no crowdfunding.

Para Carlos Silva a requisição civil de enfermeiros “veio trazer para a luta outros sindicatos que estavam à espera para ver”. Houve “um movimento de solidariedade”. Por isso, o secretário-geral da UGT apela ao Presidente da República para ser mediador deste conflito, apesar de caber ao “Governo olhar para o espelho e perceber qual é o caminho que quer fazer”. “Cabe ao Presidente criar pressão”, acrescenta, sublinhando que Marcelo tem sido “muito favorecedor do diálogo e de uma solução partilhada”.

No caso dos professores, Carlos Silva considera que o facto de o ministro ter dito que tem até ao fim de 2019 para abrir a negociação “é um desrespeito aos sindicatos e à boa-fé”. “Estamos a gozar com a cara dos outros? Isso não se faz. Os sindicatos reagiram e ainda vão reagir”, concluiu.

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