Moody’s mais pessimista para Portugal. Vê PIB a crescer 1,7% e défice de 0,6%
Agência de notação financeira manteve, na passada sexta-feira, o rating de Portugal inalterado. Esta quarta-feira publicou novas projeções, prevendo um crescimento de 1,7%, abaixo dos 2,2% do Governo.
A Moody’s está mais pessimista sobre a economia portuguesa. Depois de ter mantido o rating de Portugal inalterado, na passada sexta-feira, publicou um novo relatório sobre o país, em que reviu as estimativas. Vê um crescimento do produto interno bruto (PIB) de 1,7% este ano — contra os 2,2% previstos pelo Governo. Já o défice deverá ficar bem acima dos 0,2% estimados por Mário Centeno. A agência norte-americana aponta para 0,6%.
“Portugal está a viver uma desaceleração do impulso económico, com base no enfraquecimento da procura externa e abrandamento do turismo”, refere o relatório. Depois de um crescimento de 2,8% em 2017 e 2,1% em 2018, a Moody’s antecipa que o PIB português cresça apenas 1,7% “e que gradualmente convirja com a nossa avaliação de um PIB potencial de 1,5%“. A nova projeção compara com a estimativa de 1,9% tanto para 2018 como 2019, inscrita na revisão do rating de Portugal (para os níveis atuais de Baa3 com perspetiva estável), em outubro do ano passado.
A agência sublinha que as exportações tiveram um contributo negativo para a economia, de 0,4 pontos percentuais, nos três primeiros trimestres do ano passado. Apesar das contínuas melhorias no mercado de trabalho, o ritmo de criação de empresa está a moderar, tendo-se fixado em 6,7% em dezembro. Por último, sublinha ainda o peso de problemas estruturais como o elevado endividamento das empresas e as fracas dinâmicas de produtividade.
“O Orçamento do Estado para 2019, aprovado pelo Parlamento em novembro, aponta para um défice de 0,2% do PIB, mas inclui poucas medidas orçamentais novas quer do lado da receita, quer da despesa. Projetamos um défice mais elevado, de 0,6% do PIB, como reflexo das nossas expetativas que o crescimento modere para mais próximo do potencial este ano — com implicações para as receitas com impostos e contribuições da Segurança Social — e mantêm-se algumas pressões, particularmente no aumento dos salários do setor público”, alerta.
Banca mais forte, apesar do fardo do malparado
Apesar da revisão das projeções, que são mais pessimistas que as do Governo português, a agência considera que o crescimento abrangente irá suportar a resiliência da economia nos próximos anos, com o investimento a ser impulsionado por grandes projetos de infraestruturas, reforço da confiança empresarial e maior estabilidade na banca.
Sobre as contas públicas, acrescenta esperar que o desempenho se mantenha “prudente” e que o continue tanto a restringir a despesa pública como a beneficiar de juros mais baixos. A estimativa da Moody’s é que o rácio da dívida pública face ao PIB caia para 121,7% este ano (face à projeção do Governo de 117%), sendo que o elevado endividamento é uma das debilidades que a agência vê, a par dos níveis altos de crédito malparado.
“O sistema bancário também apresenta menores riscos no seguimento dos progressos na reestruturação dos bancos mais fracos. Além dos 0,2% do PIB incluídos no plano orçamental do Governo para 2019, mais injeções no Fundo de Resolução estão limitados pelo mecanismo de capital contingente como parte da venda do Novo Banco à Lone Star, em 2017. Além disso, o uso total deste mecanismo não alteraria materialmente a projeção de redução da dívida”, explica.
(Notícia atualizada às 13h50)
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