Fed menos otimista e “mais paciente”. Juros só devem subir em 2020
A instituição liderada por Jerome Powell cumpriu o prometido e adotou uma postura "mais paciente". Depois de ter revisto em baixo o crescimento dos EUA, este ano não deverá haver aumentos dos juros.
Após uma reunião de dois dias, a Reserva Federal norte-americana (Fed) admitiu que não haverá aumentos de juros este ano, mas que esses aumentos podem acontecer em 2020. Esta postura “mais paciente”, tal como era esperado pelos analistas, é adotada depois de a instituição liderada por Jerome Powell ter revisto em baixa o crescimento económico dos Estados Unidos, estimando uma subida de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB), em comparação com os 2,3% estimados em dezembro.
A decisão foi anunciada esta quarta-feira, em comunicado, no qual o Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC), liderado pela Fed, afirmou que será “paciente” quanto aos futuros aumentos de juros. Assim, decidiu manter a taxa de juro de referência entre 2,25% e 2,5%, algo que já era expectável por vários analistas. Contudo, admitiu que poderá haver aumentos apenas em 2020, e tudo devido à desaceleração da economia norte-americana.
O banco central reviu em baixa o crescimento económico dos Estados Unidos, prevendo uma subida de 2,1% este ano, 1,9% em 2020 e 1,8% em 2021. Estes números comparam com o aumento de 2,3% estimado pela instituição em dezembro. Já no que diz respeito à inflação, a projeção de 1,9% passou para os 1,8% e, para os próximos dois anos, passa de 2% para 2,1%.
O último aumento dos juros acontecem em dezembro do ano passado, tendo a Fed prometido em janeiro — na última reunião — que iria ser mais “paciente” em relação a estas subidas, pressionada pelo aumento dos riscos e pela desaceleração da economia dos Estados Unidos.
“Estamos a analisar e a aguardar pacientemente”, diz Powell
Após a publicação destas projeções, em conferência de imprensa, Jerome Powell referiu que também na Europa e na China se verificou uma desaceleração do crescimento, identificando como alguns dos riscos o Brexit e as tensões comerciais. E esses riscos, disse, parecem estar também a afetar a economia norte-americana, notando-se na quebra das vendas na altura do Natal e na desaceleração do investimento nos negócios.
Preocupado com o Brexit? Powell respondeu que está a olhar para esse divórcio com cuidado e espera que tudo seja resolvido de forma ordenada. “Não há acordo sobre o Brexit, não há acordo nas negociações comerciais”, acrescentou, explicando alguns dos motivos para a Fed ter decidido não alterar as taxas de juro por enquanto.
Recordando que, em 2017, a economia mundial estimulou o crescimento económico dos Estados Unidos, o presidente da Fed referiu ainda que, agora, com a desaceleração das economias europeia e chinesa, o crescimento mundial também acaba por ser mais fraco, representando um obstáculo para os Estados Unidos. É necessário aumentar a força de trabalho e a produtividade, disse.
Questionado pelos jornalistas como é que a Fed previu dois aumentos de juros este ano e, agora, não haverá sequer uma subida, Powell respondeu que a instituição será paciente antes de tomar alguma atitude. “Estamos a analisar e a aguardar pacientemente”, disse.
(Notícia atualizada às 19h16 com mais informação)
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