Já pensou no que vai fazer com o subsídio de Natal?
No Natal, vai gastar mais a comprar prendas. Mas, pelo menos parte do subsídio deve ser poupado. Conheça três formas distintas de aplicar esse dinheiro. E a vantagem de as escolher.
Falta precisamente um mês para o Natal. E está mais do que na hora de começar a comprar os presentes. Se faz parte do grupo de portugueses que recebe o subsídio, sem ser em duodécimos, esta quantia extra que vai entrar na conta até ao final do mês vem mesmo a calhar para fazer face a estas despesas, mas não gaste tudo. Poupe uma parte.
Um estudo do Cetelem revela que 63% dos inquiridos têm a intenção de utilizar o subsídio de Natal para fazer face às despesas habituais da quadra natalícia. Entre os consumidores que utilizam o subsídio de Natal para comprar presentes, a maior parte (32%) tencionava despender uma parte significativa do mesmo, enquanto 23% pensava gastar apenas uma pequena parte. Da totalidade dos que revelaram pretender utilizar o subsídio de Natal, 8% afirmaram ainda que o mesmo não seria suficiente para comprar todos os presentes.
Mas a sabedoria financeira recomenda evitá-lo. Se conseguir, deixe pelo menos uma parcela do subsídio para outro tipo de aplicações. O ECO mostra-lhe três formas distintas de rentabilizar 1.000 euros de subsídio de Natal. Seja através da amortização de dívida, da constituição de poupanças de curto a médio prazo, seja a pensar na reforma. Conheça-as.
1. Tem dívidas? Pague-as, mas não todas
Um dos melhores e primeiros investimentos que pode fazer com o subsídio de Natal é liquidar ou, pelo menos, amortizar uma parte dos créditos que possa ter. Alivia assim na gestão das suas finanças pessoais o fardo resultante do pagamento de juros.
No caso do crédito à habitação, não irá ter grande vantagem em fazer este tipo de abatimentos. Por um lado, o valor do subsídio de Natal tende a ser uma quantia demasiada baixa para que a sua utilização na amortização do crédito à habitação traga vantagens em termos de poupanças. Por outro lado, o nível historicamente baixo das Euribor faz com que também não compense realizar amortizações de empréstimos da casa. Apenas valerá a pena no caso da taxa de juro associada ao empréstimo da casa ser superior àquela que teria caso aplicasse o dinheiro num produto financeiro.
No caso do crédito ao consumo ou dos cartões de crédito, o cenário será contudo bastante distinto, já que as taxas de juro que lhe estão associadas são habitualmente bastante elevadas. Aí já valerá a pena liquidar ou amortizar quantias em dívida. Por exemplo, no caso dos cartões de crédito, as taxas de juro que os bancos cobram por ultrapassagem do prazo de reembolso da quantia emprestada, facilmente os juros cobrados poderão chegar a ultrapassar a fasquia dos 17%. Já no caso do crédito pessoal sem finalidade específica, os custos com juros podem chegar a rondar os 14%.
A título de exemplo, um crédito pessoal de 10 mil euros por um prazo de 60 meses que tenha associada uma taxa de juro na ordem dos 14%, uma amortização de mil euros irá permitir uma poupança de 136 euros no primeiro ano e de cerca de 413 euros ao fim dos 60 meses de vida do crédito.
2. Engorde a poupança a prazo
Ter uma quantia de parte para servir como reserva que possa ser utilizada numa situação de “aperto” financeiro é uma das medidas que os especialistas em finanças pessoais mais aconselham. Se conseguir rentabilizar esse valor ainda melhor. Os depósitos a prazo, que continuam a figurar no topo das preferência dos aforradores, podem ser uma forma de aplicar essa quantia. Contudo, encontrar uma aplicação a prazo com uma taxa atraente, tornou-se uma missão muito difícil. Os bancos estão a remunerar as novas aplicações em depósitos a prazo, à taxa de juro média mais baixa desde pelo menos os últimos 13 anos. Em setembro, os bancos pagaram uma taxa de juro bruta de 0,35%, em média, neste tipo de produtos financeiros.
As melhores taxas de juro estão disponíveis para aplicações de valores mais altos, sendo que para uma poupança de mil euros e um prazo de um ano, apenas um produto consegue remunerar acima de uma taxa bruta de 1%. É o que acontece com o BNI Europa que paga uma taxa de juro de 1,85%, a 12 meses, na subscrição do depósito “BNI Europa”. Em termos práticos, essa aplicação irá permitir um retorno líquido de 13,32 euros, no fim do prazo.
Contudo, na generalidade das instituições o retorno possível é bastante baixo. Entre os restantes produtos do ranking dos cinco depósitos mais rentáveis, não se consegue encontrar, tendo em conta o cenário considerado, aplicações que paguem, em termos brutos, mais de 0,65%.
Depósitos a 12 meses mais rentáveis
Outra opção de baixo risco para aplicar o valor do subsídio de Natal serão os produtos de poupança do Estado. Mais em concreto, os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM). Mil euros é precisamente a quantia mínima para poder investir neste produto, sendo que o seu principal inconveniente é o facto de não poder resgatar o dinheiro durante o primeiro ano de aplicação.
Já em termos de retorno, se o objetivo for uma aplicação por um prazo de apenas 12 meses, o depósito a prazo do BNI Europa oferece um retorno mais atrativo, mas irá implicar provavelmente uma mudança de banco. Ao final do primeiro ano, a remuneração bruta dos CTPM é de 1,25%. Ou seja, inferior à do depósito referido acima. Mas, caso o aforrador esteja disponível para manter o dinheiro até ao prazo final de aplicação, aí os CTPM já serão mais compensadores face à generalidade dos depósitos a prazo, para o mesmo prazo: cinco anos.
Os CTPM são remunerados a taxas crescentes. São de 1,25% no primeiro ano, 1,75% no segundo, 2,25% no terceiro, 2,75% no quarto ano e 3,25% no quinto ano. Ou seja, apontam para uma taxa de juro bruta média de 2,25% ao final dos cinco anos. Todavia, caso a economia portuguesa apresente um crescimento real no quarto e no quinto ano após a subscrição, é acrescentado um prémio aos juros desses períodos. Aplicar mil euros em CTPM irá, assim, render no mínimo 100,8 euros, em termos líquidos.
3. Pense já no futuro
Outra das formas para rentabilizar o subsídio de Natal é investi-lo a pensar no futuro. Ou seja, aplicá-lo num plano poupança reforma (PPR). Tendo em conta a crise demográfica que se vive em Portugal e a alteração à fórmula de cálculo do valor da reforma que significa que esta será cada vez mais baixa, usar o valor do subsídio para aplicar num PPR poderá ser uma boa solução. Essa aposta poderá ser feita através de fundos PPR ou dos PPR sob a forma de seguro.
No caso dos fundos PPR, que são disponibilizados pelas gestoras de ativos, é possível escolher um produto adaptado ao perfil de risco do aforrador. Estes produtos são segmentados por níveis diferentes de risco, consoante o grau de exposição ao investimento em ações.
Um aforrador que esteja mais próximo da idade da reforma, à partida, terá vantagens em optar por um fundo de investimento PPR com um grau de risco mais baixo, tendo em conta que nessa fase é aconselhado a evitar perdas. Já se o aforrador for mais jovem e estiver disposto a assumir um grau de risco mais elevado, a opção por um fundo PPR mais agressivo poderá ser vantajosa, porque tem um espaço temporal para compensar eventuais perdas que possa sofrer.
Fundos PPR mais rentáveis
Os últimos dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) mostram que existem três fundos PPR que este ano apresentam um retorno superior a 2%. O topo dos retornos mostra dois produtos do Bankinter: o Bankinter PPR Life Path Income, que em 2016 apresenta uma remuneração de 2,11%, e o Bankinter PPR Ações Life Path 2025, cuja remuneração no mesmo prazo é de 1,49%.
Já na modalidade de seguros, entre os mais rentáveis no último ano, há dois PPR a apresentar uma rentabilidade bruta no último ano acima de 5%: o Leve DUO da Fidelidade e o PPR-PSN da PSN Mutua de Seguros. No top 5 encontramos ainda PPR com taxas acima de 3%. Mas estas são rendibilidades passadas. Tenha em atenção que as taxas atuais são bastante mais baixas.
Seguros PPR mais rentáveis
Para além da vantagem de ajudar a fomentar a poupança para a reforma, a subscrição ou reforço de um PPR ainda este ano apresenta benefícios fiscais. É possível deduzir no IRS de 2016 a declarar em 2017, 20% das contribuições realizadas este ano. No caso de indivíduos com menos de 35 anos essa dedução tem um limite de 400 euros, entre os 35 e os 50 anos, o limite são 350 euros, enquanto para idades acima de 50 ano, o limite é de 300 euros. Ou seja, assumindo um aforrador que aplique mil euros num PPR irá ver deduzidos 200 euros no global das deduções à coleta.
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