Também há Black Friday na bolsa de Lisboa?

Saldos, promoções e mega descontões. A Black Friday não chegou à bolsa. Mas há "pechinchas" no PSI-20 que pode aproveitar neste dia de grande apetite consumidor. Vamos caçar os melhores negócios?

Descontos, descontos e mais descontos. Estamos na Black Friday. O dia é de consumo por tradição para aproveitar as borlas dadas pelas superfícies comerciais. Mas em vez de gastar, prefere aproveitar o dinheiro extra para investir? Na praça lisboeta há alguns negócios que podem ser interessantes para a sua carteira.

“Nem sempre os descontos são boas oportunidades de compra”, diz Pedro Lino. “Há que olhar além do preço. É preciso ver a qualidade e sustentabilidade dos resultados“, diz o CEO da Dif Broker. E foi isso que o ECO foi fazer. Olhando para o PSI-20, procurámos os negócios mais atrativos em função das recomendações dos analistas.

Lisboa não tem um grande número de empresas — o índice de referência deveria ter 20 mas está reduzido a 18 títulos –, mas ainda oferece oportunidades. Damos-lhe a conhecer três cotadas que podem revelar-se uma “pechincha”. Vamos aos saldos?

Papel, qual papel? O da Navigator

precos-06-08Se há setor que está a ganhar com a valorização expressiva do dólar, esse setor é o do papel. O Haitong já reviu em alta a avaliação que faz das produtoras de pasta de papel. “Melhoramos o setor para uma recomendação de ‘compra’. (…) Mas, no setor ibérico, preferimos a Navigator devido ao seu balanço forte”, além do “elevado dividendo”, diz o analista Nuno Estácio.

A cotada liderada por Diogo da Silveira surge com um “desconto” de 20%, isto é, há um potencial de valorização até aos 3,40 euros, em média, atribuído pelos analistas face ao preço atual da ação. Dos oito analistas que acompanham a papeleira, apenas um se apresenta com uma recomendação “neutral” para os títulos. Os restantes apostam na sua “compra” ou “manutenção”.

Para a equipa de research BiG, trata-se de um “título que tem potencial significativo” — a ação negoceia com um rácio entre a cotação e os lucros de 10,9 vezes, um dos mais atrativos em Lisboa.

A “expansão para novos segmentos associada ao dividendo atrativo” que o BiG espera que a Navigator pague no próximo ano, ajudam à construção de uma boa história em torno da papeleira. “A empresa está a conseguir ter um equilíbrio muito saudável entre investimento em crescimento e remuneração ao acionista. Vemos isso com muito bons olhos”, reforça o banco.

“A cotação não incorporou a recente subida do dólar, mas a elevada geração de fluxos de caixa e a diminuição da dívida deverá ser um catalisador para uma recuperação no futuro”, acrescenta Pedro Lino.

Mota a desconto sem contas

precos-06-07A construtora nacional pode estar a braços com “problemas de visibilidade” depois de ter anunciado que não vai apresentar as contas do último trimestre. Mas é a cotada do PSI-20 que apresenta o maior potencial de valorização tendo em conta o atual preço da ação e a média da avaliação dos analistas: 55%. Três dos seis especialistas que acompanham a Mota-Engil recomendam “comprar” este título que, em média, poderá chegar aos 2,45 euros.

Adicionalmente, a Mota-Engil negoceia com o rácio entre a cotação e os lucros mais baixo da praça lisboeta, negociando a 4,6 vezes face ao valor estimado dos resultados líquidos, um rácio que o coloca bem posicionada em relação ao setor da construção europeu — apresenta um rácio de 16,3 vezes.

A equipa do BiG destaca “os múltiplos fundamentais atrativos“, pese embora a “tendência deprimida” que a Mota-Engil tem apresentado, “extremada após comunicar que não iria divulgar as contas relativas aos primeiros nove meses do ano”. “Ainda para mais considerando a exposição geográfica das suas receitas”, destacam os analistas do BiG.

Com os investidores à espera da concretização do plano de desinvestimento, “a recente política de não divulgar as contas trimestrais contribuiu para uma menor visibilidade em termos económicos por parte de analistas”, diz Pedro Lino. Contudo, a “venda de ativos com o objetivo de redução da dívida” associada à estratégia de “internacionalização” são pontos a favor da Mota-Engil.

Não invente, vá ao Continente

precos-06-06Habituada aos descontos nos seus hipermercados, os Continente, a Sonae também se apresenta com uma “grande promoção” no PSI-20. Em média, os analistas acreditam que a cotada liderada por Paulo Azevedo e Ângelo Paupério pode valorizar 43%. Seis dos oitos analistas que seguem a retalhista recomendam “comprar” os títulos.

A Sonae tem sido uma das mais castigadas na bolsa portuguesa em 2016. Desde o início do ano já perdeu 25% do seu valor, mas as contas que a holding tem vindo a apresentar podem abrir a porta a uma valorização no sentido da média dos preços-alvo de 1,115 euros. As ações estão a cotar a 7,3 vezes os lucros, o que compara com as 19,1 vezes do setor do retalho na Europa.

“Na última divulgação de resultados, a empresa apresentou bons números nos segmentos de retalho (alimentar e especializado) e resiliência nos restantes segmentos de negócio”, dizem os analistas do BiG. “Este desempenho operacional desencadeou uma tendência positiva para o título que beneficiou igualmente do desconto fundamental, das novas oportunidades de internacionalização e forte estrutura do balanço”, reforçaram.

Pedro Lino alerta para o esforço promocional que a Sonae tem praticado nos seus hipermercados. “Um dos problemas da Sonae é que tem vindo a sacrificar EBITDA, para aumentar as vendas. Este facto é constatado pela diminuição do ‘underlying EBITDA'”, diz Pedro Lino. Mas “quando se assistir a uma inversão deste indicador a cotação tenderá a subir”, acrescentou o gestor.

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