Paulo e Ângelo, “almas gémeas da Sonae”, despedem-se de voz emocionada e confiantes na nova gestão
Paulo Azevedo terminou o mandato assegurando todo o apoio a Cláudia Azevedo para que "consiga levar a Sonae a novos patamares e que o grupo atinja uma verdadeira escala internacional".
Foi de voz embargada pelas emoções que tanto Ângelo Paupério como Paulo Azevedo encerraram a apresentação de contas da Sonae de 2018 e também o seu mandato conjunto à frente dos destinos do grupo Sonae. As lágrimas não se viram, mas sentiram-se na voz dos gestores na hora de passar a pasta a Cláudia Azevedo.
“Estamos cá há 30 anos e agora vamos deixar funções executivas… E, neste momento em que falo pela última vez na condição de co-CEO, queria deixar alguns agradecimentos”, começou por dizer Ângelo Paupério. O primeiro agradecimento? “Ao Eng. Belmiro de Azevedo e aos filhos pela confiança que tiveram em mim, pelo apoio que sempre me deram e pelo carinho com que me senti sempre tratado nesta casa”, prosseguiu, reservando um agradecimento especial para “o meu amigo e confidente, Paulo”.
“Tivemos um percurso muito próximo, também de amizade, fomos confidentes de preocupações e angústias, partilhámos sucessos, rimos muito”, disse Ângelo sobre a sua relação com Paulo. De seguida estendeu os agradecimentos à “equipa da Sonae”, os “verdadeiros heróis do sucesso” da empresa. Mas foi quando chegou a hora de agradecer à família que mais se sentiu a emoção na voz de Ângelo Paupério, normalmente dos mais circunspectos do universo Sonae. “Agradeço acima de tudo à minha família.”
“O meu pai foi meu chefe direto por mais de 20 anos”
Também Paulo Azevedo quis deixar os seus agradecimentos na hora da despedida dos cargos executivos da Sonae. E começou pelo pai. “Aprendi tudo com o meu pai, foi o meu mestre e meu chefe direto em mais de 20 dos 30 anos deste percurso”, começou por dizer. Avançou de seguida para rasgados elogios a toda a equipa que constitui o universo da gestão da Sonae.
“Em particular, já hoje tive a oportunidade de agradecer aos CEO das grandes divisões da Sonae, que foram a minha equipa direta mais próxima nos últimos anos. Não acredito que haja muitas equipas no mundo com este nível de competência e dedicação. Foi um privilégio.” E tal como Ângelo Paupério, também Paulo Azevedo quis deixar uma menção particular ao gestor que dividiu consigo a liderança do grupo nos últimos anos. A sua “alma gémea”, como descreveu.
“Quero agradecer especialmente à minha alma gémea da gestão, Ângelo Paupério, tanto em nome próprio como da Sonae.” Falou de seguida da forma como o percurso de ambos esteve sempre ligada na Sonae: “O Ângelo entrou na Sonae para me substituir depois de acabar a primeira edição do MBA da EGP e eu fui fazer a segunda edição do MBA. Quando regressei, fui para um projeto liderado pelo Ângelo representar a Sonae Indústria e substituí o Ângelo quando ele seguiu para a administração da Sonae Distribuição, a que me viria a juntar. Depois ingressei na Optimus e na Sonaecom, onde também estava, e acabámos por ingressar juntos na Comissão Executiva da Sonae.”
E como se todo este percurso quase paralelo já não fosse suficiente, selaram “estes 30 anos de complementaridade, cumplicidade e amizade decidindo ter as mesmas funções, as de co-CEO”.
Os desejos e os votos para “a Cláudia”
Ângelo Paupério e Paulo Azevedo coincidiram também em dedicar as últimas palavras das suas intervenções a Cláudia Azevedo, que será a CEO da Sonae para o mandato 2019-2022. “Vai assumir uma enorme responsabilidade e pode contar com o meu compromisso para que a gestão da Sonae continue a ter condições para tomar decisões de longo prazo de forma autónoma e de modo a que consiga levar a Sonae a novos patamares e que o grupo atinja uma verdadeira escala internacional”, vaticinou Paulo Azevedo.
Ângelo Paupério, por seu turno, lembrou que a gestão que agora inicia funções é composta por pessoas “que conheço muito bem e por quem tenho grande consideração e respeito”, pelo que está convicto que a mudança “vai ser boa para a Sonae”, desejando o maior sucesso a Cláudia Azevedo numa posição “que vai ser difícil, mas extremamente gratificante”.
A conferência terminou com a plateia a aplaudir de pé os dois ex-CEO. Cláudia Azevedo foi a primeira a levantar-se.
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