Economia arrasa bolsas europeias. Fuga ao risco põe juros alemães abaixo de zero

Dados desapontantes sobre a economia alemã fazem soar o alerta dos investidores que fugiram das ações e procuraram refúgio na dívida alemã, levando a yield para terreno negativo, mas também no dólar.

Um cocktail de más notícias que aumentam as dúvidas sobre a saúde da economia da Zona Euro, mas também a nível global, fez soar o alerta nos mercados e penalizou o sentimento dos investidores na última sessão da semana. Com os investidores a tentarem proteger-se do risco antes de entrar no fim de semana, o dia foi marcado por vendas massivas de ações e pela busca por ativos que oferecessem maior segurança. Resultado: fortes perdas para os principais índices bolsistas europeus (incluindo o português) e para os títulos da banca em particular, mas também para o euro, com os investidores a procurarem refúgio no dólar e na dívida alemã. Os juros das bunds alemãs entraram mesmo em terreno negativo, o que não acontecia desde outubro de 2016.

Os sinais de alerta soaram depois de, nesta sexta-feira, terem sido divulgados dados que mostram que a indústria alemã caiu, em março, pelo terceiro mês seguido e para a leitura mais baixa desde junho de 2013, o que alimentou os receios dos investidores face a um abrandamento da economia europeia.

Os principais índices bolsistas europeus acabaram por terminar com perdas a oscilar entre 1% e 2%, com o stoxx Europe 600 a desvalorizar 1,3%, condicionado pelas fortes perdas dos títulos do setor financeiro. De salientar que a banca é um dos setores mais sensíveis à evolução da economia. Na Europa acabou por recuar mais de 2%, com a banca de Itália a sobressair em particular pela negativa, tendo em conta que o país que tem sido um dos principais focos de preocupação no Velho Continente.

Lisboa não escapou ao sentimento negativo, com o PSI-20 a perder 2,04%, para os 5.160,37 pontos, a maior queda do ano, com 16 dos seus 18 títulos em terreno negativo. Entre as maiores perdas figuraram a Mota-Engil e a Sonae, com recuos de 5,63% e 5,4%, enquanto o BCP foi um dos principais responsáveis pelo rumo da praça lisboeta ao sofrer uma desvalorização bolsista de -2,47%. De salientar que qualquer destas três cotadas atuam em setores cujas performances tendem a acompanhar o rumo da economia.

“Tínhamos sinais de tentativa de estabilização nos números económicos e os dados que saíram hoje sugerem que não há estabilização”, afirmou Peter Schaffrik, economista do RBC Capital Markets, citado pela Reuters.

Os receios e a fuga ao risco dos investidores acabaram por encaminhá-los para o refúgio da dívida. Os juros das dívidas, que têm vindo a cair de forma acentuada desde a última reunião do Banco Central Europeu (BCE), acentuaram a tendência e a yield alemã chegou a tocar -0,001%.

Desde o início do ano que os mercados financeiros têm estado sensíveis a potenciais sinais sobre a desaceleração da economia, especialmente vindos dos bancos centrais. No início de março, o BCE reviu em baixa as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro para 1,1% este ano, contra os 1,7% anteriores. Anunciou também a terceira série de operações de refinanciamento de prazo alargado — TLTRO-III.

O dólar acabou também por servir de refúgio, perante o cenário pessimista para a economia da Zona Euro. O euro seguia a desvalorizar 0,74% para os 1,1228 dólares.

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