Draghi acalma bancos. Nova ronda de financiamento pode ser mais favorável se economia piorar
Numa conferência em Frankfurt, o presidente do BCE garantiu que está pronto a ajustar os instrumentos de política monetária consoante os desenvolvimentos da inflação e economia da Zona Euro.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE) sinalizou esta quarta-feira que a terceira série de financiamento de baixo custo à banca, que terá início em setembro, poderá ter condições mais favoráveis se a economia da Zona Euro ceder. Assegurou que a política monetária continuará a ser expansiva e responderá a alterações na inflação.
Na última reunião de política monetária, a 7 de março, o BCE cortou as projeções para o produto interno bruto (PIB) da Zona Euro, antecipando que a economia cresça apenas 1,1% em 2019 e 1,6% em 2020 (contra os 1,7% que antecipava para ambos os anos). Neste cenário, anunciou também que as taxas de juro de referência deverão manter-se em mínimos históricos até, pelo menos, ao final deste ano e lançou ainda uma nova ronda de operações de refinanciamento de prazo alargado — TLTRO III — para estimular a economia.
O programa de TLTRO era esperado pelo mercado, mas o prazo será mais curto que nas anteriores duas séries (cai para dois anos, de três) e o juro será variável. O anúncio levou a uma queda dos juros das dívidas e das ações dos bancos europeus. Esta quarta-feira, Draghi clarificou que o TLTRO III pretende “preservar as condições favoráveis de financiamento dos bancos e manter uma transmissão eficiente da política monetária através da banca”.
“As nossas decisões garantem que a orientação da política mantém-se acomodatícia face ao outlook de crescimento mais fraco. E o ajustamento dos restantes parâmetros do TLTRO III irão refletir a evolução das condições macroeconómicas“, sublinhou Draghi, no discurso de abertura da conferência The ECB and Its Watchers XX, que está a decorrer em Frankfurt.
As declarações foram bem recebidas pela banca. Em bolsa, as ações seguem em alta. O índice pan-europeu do setor Stoxx 600 Banks avança 0,59% e, em Portugal, o BCP acelera 2,13% para 0,2254 euros por ação. Igualmente, os juros das dívidas caem: a yield das Bunds alemãs a 10 anos continuam em terreno negativo, em -0,053%, e em Portugal perde 2,5 pontos base para 1,27%.
Em relação aos restantes instrumentos de política monetária, o presidente do BCE defendeu que a instituição tem mecanismos prontos a responder à convergência da inflação e que irá continuar a fazer ajustamentos dos juros e do programa de compra de ativos consoante os desenvolvimentos económicos. Em simultâneo, garantiu estar alerta a futuros riscos e preparado para lhes fazer face.
“Um grau substancial de expansionismo ainda é necessário para assegurar o caminho de convergência da inflação, o que se refletiu nas nossas últimas decisões de política monetária. Em paralelo à diminuição das compras líquidas [de ativos, que chegaram ao começaram a cair em janeiro deste ano], reforçámos a nossa forward guidance nas taxas de juro de referência e reinvestimentos das obrigações. Isto permite-nos rodar os instrumentos usados para definir a orientação política, enquanto se mantém o rumo, de forma geral, inalterado“, acrescentou o italiano.
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