Namoro à Tesla começou em 2014
O segredo é a alma do negócio. O ditado é velho mas mantém-se. Qualquer país europeu adoraria receber o investimento que a Tesla pretende fazer com a instalação de uma gigafábrica no Velho Continente.
Portugal há muito que iniciou o namoro. A primeira abordagem começou como tantas outras e que infelizmente não tiveram qualquer consequência. Uma visita aos Estados Unidos, um road show para tentar atrair investimento direto estrangeiro. Entre as empresas abordadas estiveram a Google, o ebay, a Amazon e… a Tesla.
Os protagonistas da viagem recusam ficar com os louros de uma possível negociação com a empresa de Elon Musk. Foram apenas “conversas”, “atividade comercial”. Um piscar de olho.
“Discutir um investimento é muito mais do que isso. É necessário ter uma proposta. A empresa analisar a informação do país, avaliar o mercado, fazer visitas de campo”, explica ao ECO um dos responsáveis envolvidos.
Meses mais tarde, ainda em 2014, o secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu “soube do interesse da Tesla” e “passou a informação”, disse o responsável ao ECO.
A partir daí começou uma ‘soft approach’. O ECO sabe que foram envolvidos privados para dar continuidade ao assunto. Chegaram mesmo a ser procuradas localizações na margem Sul, por exemplo na zona do ex-projeto Manhattan, que hoje denominado de cidade da água, em Almada, mas também em Palmela.
As démarches parecem não ter tido seguimento, mas, largos meses depois, já com o Governo de António Costa em funções, houve novo contacto. Mais uma vez, a informação foi passada a quem de direito no seio do Executivo. “A oportunidade parecia voltar a apresentar-se”, contou ao ECO um responsável.
Assim, tal como o ECO já avançou houve contactos do Governo português com a Tesla que “se iniciaram no primeiro semestre deste ano e que se desenvolveram agora no final do ano”, disse ao ECO fonte oficial do Ministério da Economia. “Os contactos tiveram início nos Estados Unidos e, entretanto, já decorreram aqui em Portugal”.
Um desses encontros foi com o secretário de Estado adjunto do Ambiente, José Mendes, que reuniu a 8 de setembro com uma delegação de alto nível da TESLA Motors, liderada por Douglas Alfaro e que incluía o responsável pelas Infraestruturas de Carregamento na Europa. Um dos tópicos do encontro foi “a possibilidade de atração de projetos de investigação e desenvolvimento da TESLA, tirando partido da infraestrutura rodoviária de classe mundial existente em Portugal”, revelou o Ministério do Ambiente na nota de agenda do encontro.
Não foi possível confirmar qual é o ponto das relações entre a Tesla e o Governo português. A Tesla confirmou ao ECO que “está à procura de oportunidades em Portugal”, mas ninguém levanta a ponta do véu sobre eventuais negociações, que impliquem a atribuição de benefícios fiscais, fundos comunitários, alterações de PDM, licenciamentos facilitados por contrapartida de um investimento milionário, criação de postos de trabalhos e do tempo que a empresa garante que ficará em Portugal.
Este tipo de negociações normalmente é feita através dos Regimes Contratuais de Investimento (RCI) negociados através da Aicep. Portugal tem ainda a oferecer, além dos incentivos, a rede de mobilidade eléctrica — o Mobi.e — que funciona e que permite aos fabricantes fazer testes, mas também uma rede de fabricantes de componentes para automóveis, tradição nesta indústria, custos de trabalho baixos quando comparados com a média europeia e, claro, produção de lítio, explicou ao ECO uma fonte envolvida no processo. Contudo, o lítio que Portugal produz — é o sexto maior produtor mundial — não é adequado para baterias de automóveis. É necessário passar primeiro por uma fundição. Um processo que exige um investimento avultado.
Mas Portugal não é o único pretendente neste casamento. Na corrida estão Espanha, França, Holanda e alguns Países da Europa de Leste, como avançou o Faro de Vigo. O fabricante automóvel e de baterias elétricas deverá decidir em 2017 a localização da fábrica que pretende instalar na Europa.
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