Hotéis com menos ocupação em março e resultados “aquém do esperado”

  • Lusa
  • 28 Maio 2019

Os números relativos ao turismo hoteleiro no arranque do ano estão a preocupar as principais associações do setor, que alertam para uma "nova crise", mais do cedo do que se possa pensar.

A taxa de ocupação dos hotéis nacionais desceu 1,2 pontos percentuais (p.p.) em março e caiu 1,7 p.p. no trimestre, uma performance que a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) diz ser “ligeiramente aquém do esperado”.

Em comunicado, a entidade revelou que, “no primeiro trimestre do ano, a taxa de ocupação foi de 53%, menos 1,7 p.p. face a igual período do ano anterior. Os destinos turísticos que registaram a maior taxa de ocupação foram Madeira (70%), Lisboa (69%) e Grande Porto (56%)”. Já o ARR (preço médio por quarto ocupado) foi de 74 euros, “mais 2% do que em 2018. Neste indicador, há assinalar uma quebra de 2% na categoria 5 estrelas. Estoril (mais 9%), Oeste e Minho (mais 8%) foram os destinos que mais cresceram em variação”, segundo a AHP.

Outro dos indicadores que mede a performance dos empreendimentos hoteleiros, o RevPar (preço médio por quarto disponível), caiu 1% nos primeiros três meses deste ano, atingindo os 39 euros. Segundo a AHP, “Lisboa (64 euros) e Madeira (50 euros) mantiveram os resultados absolutos alcançados neste indicador no ano anterior, enquanto Minho (mais 12%), Estoril (mais 10%) e Leiria/Fátima/Templários (mais 6%) registaram a maior variação nos primeiros três meses de 2019”.

No mês de março, a taxa de ocupação foi de 63%, uma queda de 1,4 p.p., com uma variação nos estabelecimentos de 4 e 2 estrelas. Os hotéis de 4 estrelas, aliás, “registaram uma quebra de 2 p.p., face a igual período do ano anterior. Os destinos turísticos com a taxa de ocupação mais elevada foram Lisboa (82%), Madeira (78%) e Grande Porto (67%)”, assinala a AHP.

No mesmo período, o ARR aumentou 1%, para 77 euros, com destaque para os destinos Minho (mais 16%), Oeste (mais 11%) e Aveiro (mais 8%), segundo a mesma nota. O RevPar em março foi de 49 euros, “menos 1% face ao período homólogo. Os destinos turísticos com o RevPar mais elevado foram Lisboa (82 euros), Madeira (58 euros) e Grande Porto (51 euros)”, revelou a entidade.

Os resultados deste mês de março ficaram ligeiramente aquém do esperado na hotelaria nacional, sobretudo por estarmos no mês do Carnaval e em que se registaram temperaturas acima do habitual para a época”, afirmou a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira, citada no mesmo comunicado.

A responsável realçou ainda que “na Madeira a falência da Germania Airlines, em fevereiro deste ano, teve impacto direto na operação hoteleira, sobretudo durante o período do Carnaval”. “O desaparecimento desta companhia aérea faz com que a região perca sete voos semanais vindos de um mercado tão importante para o destino, como é o alemão”, concluiu.

Hotelaria preocupada alerta para eventual crise

O desequilíbrio existente entre a taxa de ocupação e a atual oferta hoteleira está a gerar preocupação junto da APHORT – Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo, que alerta para uma eventual crise no setor. Em comunicado, a APHORT revela estar apreensiva face aos últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) relativos à atividade turística e às eventuais consequências que a não valorização de indicadores como a taxa de ocupação ou a estada média possa trazer para a economia nacional.

Citado no comunicado, o presidente da APHORT, Rodrigo Pinto Barros, refere que os “dados demonstram que o aumento da procura turística não está a acompanhar o aumento da oferta hoteleira, a nível nacional, o que pode ser um sinal preocupante”. A associação socorre-se dos dados divulgados pelo INE, referentes a março, para lembrar que a taxa de ocupação-cama nos estabelecimentos de alojamento turístico tem vindo a cair, de forma contínua, face a 2018. Este indicador registou um decréscimo de 1,8 pontos percentuais (p.p.), depois de já ter caído 1,5 p.p. em fevereiro.

E refere ainda que a estada média nos estabelecimentos de alojamento turístico está também a diminuir, sendo que em março fixou-se nas 2,48 noites, uma redução de 3,6% face ao ano anterior. Em fevereiro, esta tendência de recuo já se verificava, com a estada média a situar-se em 2,42 noites, o que traduz um decréscimo de 3,9% face ao período homólogo.

Rodrigo Pinto Barros realça que a diminuição destes indicadores é uma realidade à qual não só o setor da hotelaria mas todos os agentes económicos precisam de estar atentos. “Não queremos ser alarmistas, mas também não nos podemos deixar condicionar por uma leitura apenas parcial dos dados que nos são apresentados. A taxa de ocupação e a estada média são indicadores que precisam de ser acompanhados de forma atenta e permanente”, afirma o presidente da APHORT no comunicado.

“Não nos interessa continuar a abrir novos hotéis se depois não conseguimos ocupar todas as camas que disponibilizamos”, acrescenta Rodrigo Pinto Barros, para concluir que “a não valorização destes dados” pode conduzir “a uma nova crise no setor”, mais do cedo do que se possa pensar.

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