Tecnologia do Porto rende milhões de euros à Euronext
A dona da bolsa de Lisboa aposta na monitorização tecnológica das suas bolsas e na venda de serviços a terceiros. O "coração" da inovação tecnológica situa-se no Porto há dois anos.
Os mercados financeiros estão cada vez mais tecnológicos e, no caso das bolsas europeias geridas pela Euronext, o Porto é o centro do desenvolvimento e inovação. É a partir do Centro Tecnológico em Portugal que o grupo gere operações IT, engenharia, desenvolvimento de software ou cibersegurança. Nas contas do grupo, as soluções tecnológicas representam 6%.
“É o ‘coração tecnológico’ do grupo Euronext”, diz ao ECO fonte oficial da gestora, cujo lucro atingiu 216 milhões de euros em 2018. As comissões de transações (34%), licenças (19%) e admissões à negociação (17%) são os segmentos que mais contribuem para os resultados, mas a tecnologia tem vindo a ganhar peso.
Do total de receitas conseguidas no ano passado, 615 milhões de euros, 6% (ou 118,3 milhões) dizem respeito a soluções de mercado, incluindo comissões de licenças de software, serviços de tecnologia de informação oferecidos a operadores de mercado externos e outros serviços de conexão e dados.
Tecnologia ganha peso para a dona da bolsa de Lisboa
Enquanto as licenças de software são atribuídas de forma descentralizada a partir de todas as localizações do grupo, os restantes segmentos das soluções de mercado têm como base principal o Porto. O investimento do grupo europeu na cidade “resultou da total transferência das competências existentes no Centro Tecnológico de Belfast” em 2017.
“Nessa altura, foi recrutada toda uma equipa de raiz”, conta fonte oficial da Euronext. Inicialmente, o objetivo era admitir 80 pessoas (maioritariamente de engenharia informática), criando uma equipa semelhante à existente em Belfast. “Mas rapidamente o board da Euronext reconheceu a excelência dos colaboradores e foram alargadas as competências inicialmente estabelecidas“.
Atualmente, e depois de 2018 ter sido o primeiro ano completo de atividade, o centro conta com cerca de 160 profissionais. Em dois anos, o número de colaboradores e áreas de atuação duplicou. “É esta a equipa que garante a abertura dos mercados da bolsa de valores em Portugal, mas também na Bélgica, Holanda, Irlanda e Paris”, sublinha.
A partir do Centro Tecnológico em Portugal são geridas todas as operações IT ao longo de 24 horas por dia nos sete dias da semana, bem como todos os computadores, servidores e redes no grupo. Testes de cibersegurança, gestão de dados do mercado, resolução de problemas diários ou a relação entre as áreas de desenvolvimento e operações são algumas das funções da equipa.
"Rapidamente o board da Euronext reconheceu a excelência dos colaboradores e foram alargadas as competências inicialmente estabelecidas.”
Além do funcionamento quotidiano das operações, o centro é ainda responsável pelo desenvolvimento de software, incluindo trabalho de customização tecnológica para outras bolsas no norte da Europa e Médio Oriente, bem como bancos no Reino Unido.
Em entrevista à revista EXAME de maio, o diretor do centro, Manuel Bento, anunciou que o grupo está a preparar a venda de serviços a quatro novas bolsas do Médio Oriente. Questionada pelo ECO sobre o assunto, a Euronext explicou que o processo ainda não está fechado e afirmou que não divulga quais os países onde são utilizadas estas soluções.
Apesar do crescimento do centro, os últimos dois anos foram de desafios. Primeiro com o recrutamento de uma equipa de raiz, depois com a formação da mesma e aplicação do IT geral para a área específica dos mercados de capitais e, por último, com a consolidação da equipa. “Todas estas fases foram acompanhadas pelo crescimento de responsabilidades, o que, para a equipa, é desafiante e, acima de tudo, estimulante”, acrescentou o grupo.
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