Carris lança carreiras com “emissões zero” ainda este ano
Carris pretende lançar carreiras com "emissões zero" ainda este ano, assim que começarem a chegar os 15 novos autocarros elétricos. Mas também tem planos para reforçar oferta de elétricos históricos.
A Carris espera estrear a sua primeira carreira de autocarros totalmente livre de emissões de carbono ainda este ano. “É intenção da Carris aproveitar a chegada dos autocarros elétricos a partir do verão para lançar, ainda este ano, a primeira carreira emissões zero“, revelou Tiago Farias, presidente da empresa, em conversa com o ECO.
“Este ano vamos ter autocarros 100% elétricos na rua a tempo inteiro”, disse o responsável, detalhando que ainda não há qualquer decisão sobre qual será a rota em que a transportadora se vai estrear nas emissões zero, mas que este é um objetivo para cumprir. “Deve ser alinhado com o município, mas gostava de ainda em 2019 inaugurar uma carreira ‘emissões zero’. A Carris tem de ter, e vai ter, os meios para o fazer.”
A transportadora lisboeta lançou um concurso para a aquisição de 15 autocarros elétricos em abril do ano passado, com um preço base de 11,7 milhões de euros. Em causa estão “15 autocarros standard elétricos, para serviço público urbano de transporte de passageiros, estação de carregamento elétrico e serviços de manutenção”. A estação de carregamento já foi criada na Pontinha, explicou Tiago Farias, e a empresa estima começar a receber estes veículos durante o verão.
Apesar da vontade em criar mais um marco histórico na longa vida da Carris, Tiago Farias assume que o lançamento de uma carreira assente apenas em autocarros elétricos será um viagem experimental. “É um caminho de aprendizagem, de adaptação. Lisboa é um ótimo teste para estes veículos, é quente no verão, tem uma topografia acidentada”, apontou.
Mas esta é uma aprendizagem que, cedo ou tarde, vários setores terão que passar. As metas para a descarbonização das sociedades assim o obrigam e a transição deve ser feita gradualmente, ainda que deva começar quanto antes.
“A Carris quer caminhar para a descarbonização total da frota. Estamos a fazê-lo de forma gradual, com uma transição contínua nos próximos 15 a 20 anos, reduzindo a percentagem de diesel, com penetração forte do gás natural, mas começando já a introduzir os autocarros 100% elétricos, que ganharão cada vez mais peso na frota”, explica o presidente da companhia.
Além dos 15 autocarros elétricos encomendados pela empresa no ano passado, já este ano, e também em abril, a Carris anunciou o lançamento de um concurso para duplicar a oferta de elétricos propriamente ditos, concurso que irá mais do que duplicar a a frota atual da empresa ao nível destes veículos. Estes novos elétricos deverão começar a chegar em 2021 e, de acordo com os planos da autarquia para a mobilidade em Lisboa, deverão ser um enorme eixo de crescimento e transformação para a Carris.
Elétricos históricos são para aumentar
Além do avanço para os novos elétricos articulados, que poderão ter até 28 metros e que irão servir para alargar o atual trajeto da carreira 15, levando esta ligação a Miraflores e Cruz Quebrada, de um lado, e Parque das Nações ou Portela, do outro, os planos da Carris para a sua frota de elétricos não se fica por aqui. Consciente da icónica imagem transmitida pelos elétricos mais antigos — especialmente se comparados com os mais recentes e modernos –, é também intenção da empresa reforçar a oferta atual destas composições tradicionais.
“Estamos fortemente envolvidos em tentar garantir que vamos comprar elétricos históricos, à imagem dos tradicionais que temos em operação”, revelou também Tiago Farias, presidente da Carris, ao ECO. O objetivo não será comprar destas composições a colecionadores ou restaurar antigas, mas antes comprar elétricos novos, mas desenhados com o traço mais tradicional que reconhecemos a estes veículos.
“É um concurso que está a ser preparado, gostava de o lançar ainda este ano. Mas como é um produto muito específico, exige encontrar-se a melhor conjugação entre a manutenção da imagem e as tecnologias mais recentes. Mas [o concurso] do próximo ano não faltará. A ideia é aumentar a oferta servida com o ‘look’ antigo“, explicou. Ou seja, estas aquisições não irão servir para renovar o parque atual de elétricos, antes alargar o serviço destes com mais composições “antigas”.
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