BdP: Aumento da exposição à dívida põe banca em risco
Após uma década em queda, os ativos dos bancos portugueses cresceram pela primeira vez em 2018. Mas foi à conta do investimento em dívida pública, o que aumenta a vulnerabilidade do setor.
A banca está a apostar fortemente na dívida pública portuguesa, que já representa 9% dos ativos detidos pelas instituições financeiras. O investimento levou a que o montante dos ativos tenha aumentado pela primeira em uma década, mas também a um aumento da vulnerabilidade do sistema, de acordo com a análise do Banco de Portugal.
“O sistema bancário aumentou o volume total dos seus ativos pela primeira vez desde 2010. O aumento dos ativos bancários contrasta com a queda observada na última década. O crescimento dos ativos, em 2018, resulta sobretudo do aumento significativo dos títulos de dívida, em particular dívida pública portuguesa, mas também de dívida de empresas”, refere o relatório de estabilidade financeira publicado esta quarta-feira pelo BdP.
Os títulos de dívida pública (não só portuguesa, mas também espanhola e italiana) deram o maior contributo para o crescimento de 0,9% do ativo total do sistema bancário. As restantes rubricas contribuíram negativamente para a evolução.
A elevada liquidez dos bancos portugueses, a par dos juros negativos nos depósitos junto do Banco Central Europeu (BCE), tornaram a dívida pública portuguesa (especialmente de curto prazo) mais atrativa. As contas dos bancos mostram que, no ano passado, Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander Totta, Novo Banco e BPI viram as carteiras de dívida pública portuguesa engordar cerca de 30% para mais de 21 mil milhões de euros.
Mais do que o número absoluto, a tendência preocupa as autoridades internacionais, incluindo Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia e BCE, que já tinham feito alertas semelhantes. É cada vez maior o peso da dívida pública no balanço dos bancos, tendo passado de 1% em 2008 para cerca de 9% dez anos depois.
“O sistema financeiro continua exposto de forma significativa a determinadas classes de ativos. A exposição aos títulos de dívida soberana, em particular, deixa o sistema financeiro português sensível a estas reavaliações”, sublinha o relatório do BdP.
Apesar de os juros da dívida portuguesa estarem em forte queda e a renovar mínimos históricos, os alertas focam-se na possibilidade do impacto em cadeia de um choque que aumente os juros dos títulos soberanos. “Uma eventual subida de 100 pontos base das yields da dívida pública nacional, teria um impacto negativo de cerca de 51 pontos base no rácio CET1 dos bancos portugueses“, acrescenta o BdP.
Dívida portuguesa, italiana e espanhola lideram investimentos
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