BCE diz que juros em mínimos históricos vão manter-se “durante primeiro semestre de 2020”
O Banco Central Europeu (BCE) não fez alterações às taxas, mas mudou o horizonte temporal em que os juros a manterem-se em mínimos históricos. A compra de ativos continua após primeira subida.
As taxas de juro de referência na Zona Euro deverão continuar em mínimos históricos até, pelo menos, junho do próximo ano. Na reunião de política monetária desta quinta-feira que teve lugar excecionalmente na Lituânia, o Banco Central Europeu (BCE) não alterou as taxas, mas mudou o horizonte temporal em que vê os juros nos níveis atuais.
“O Conselho do BCE espera agora que as taxas de juro diretoras do BCE se mantenham nos níveis atuais, pelo menos, até durante o primeiro semestre de 2020 e, em qualquer caso, enquanto for necessário para assegurar a continuação da convergência sustentada da inflação no sentido de níveis abaixo, mas próximo, de 2% no médio prazo”, anunciou o BCE, em comunicado.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento continua em 0%, enquanto as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão em 0,25% e -0,40%, respetivamente.
A mudança de discurso acontece após vários encontros em que o BCE alertou para o aumento dos riscos, incluindo devido à guerra comercial, e para o impacto da desaceleração económica na Zona Euro. Antes do encontro, os futuros do mercado monetário indicavam 50% de probabilidade de o BCE descer a taxa de referência em 10 pontos base no final deste ano.
A acontecer ficará em linha com o esperado para a política monetária dos EUA, mas a situação é diferente. Enquanto a Fed tem a taxa entre 2,25% e 2,50%, o BCE não saiu de 0%. Um corte poderá colocar a taxa em “terreno” negativo, como já estão os juros dos depósitos, situação que tem penalizado a banca europeia.
Reinvestimentos também são alargados
Outra diferença é que o banco central dos EUA está a diminuir a folha de balanço, ou seja, limpando os ativos que comprou durante a crise. Por outro lado, o BCE está ainda em processo de compras. Após a fase de aquisições líquidas de ativos, está atualmente a reinvestir o montante dos títulos que atingem as maturidades e irá continuar a fazê-lo.
“O Conselho do BCE pretende continuar a reinvestir, na totalidade, os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos ao abrigo do programa de compra de ativos durante um período prolongado após a data em que comece a aumentar as taxas de juro diretoras do BCE e, em qualquer caso, enquanto for necessário para manter condições de liquidez favoráveis e um nível amplo de acomodação monetária”, sublinhou o comunicado do BCE.
Banca vai ter juro ajustado às necessidades
Além dos juros e do programa de compra de ativos, o BCE pretende estimular a economia através do sistema financeiro. Os termos da nova ronda de financiamento de baixo custo à banca da Zona Euro, que já tinha sido anunciada e terá início em setembro, foram decididos também esta quinta-feira.
A terceira ronda de Targeted Longer-Term Refinancing Operations (TLTRO III ou ORPA em português) vai ter uma taxa dinâmica. “A taxa de juro de cada operação será fixada num nível situado 10 pontos base acima da média da taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema ao longo do período de duração da ORPA direcionada correspondente”, começou por explicar sobre as operações.
Mas além do valor fixado em 10 pontos base, cada banco ainda terá uma avaliação própria. “Para as instituições de crédito cujo crédito líquido elegível exceda um determinado valor de referência, a taxa aplicada nas ORPA direcionadas III será inferior e poderá ser tão baixa como a média da taxa de juro da facilidade permanente de depósito prevalecente ao longo do período de duração da operação acrescida de 10 pontos base”, acrescenta.
(Notícia atualizada às 13h05)
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