PP vai governar Madrid com apoio da extrema-direita
O PP vai governar a Câmara de Madrid com o apoio da extrema-direita do Vox. José Luis Martínez-Almeida foi eleito presidente.
O candidato do Partido Popular (PP, direita) José Luis Martínez-Almeida foi eleito presidente da Câmara de Madrid devido a uma coligação com o Cidadãos (Cs, direita liberal) e o apoio da extrema-direita do Vox.
Três semanas depois das eleições municipais, e depois de intensas negociações, o candidato conservador foi eleito com o voto favorável de 30 conselheiros municipais, mais do que a maioria absoluta necessária. Martínez-Almeida sucede no cargo a Manuela Carmena, uma antiga magistrada eleita em 2015 com o apoio dos socialistas do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). O acordo agora alcançado entre os partidos de direita teve o apoio dos quatro conselheiros municipais eleitos pelo Vox, que vão ter “funções” ainda não definidas.
O novo executivo municipal será anunciado na segunda-feira, nomeadamente que “funções” vão ser atribuídas aos eleitos do Vox, possivelmente vereadores distritais, conforme disseram à agência EFE fontes do PP. Várias localidades de Espanha concluíram nos últimos dias acordos semelhantes com o apoio do Vox, criado em 2013 mas que até há um ano estava praticamente ausente da cena política espanhola.
Nas eleições legislativas de abril, o Vox obteve 10% dos votos e elegeu 24 deputados ao parlamento espanhol. “Vão ouvir-nos lamentar tanto quanto for preciso o facto de terem decidido dar a uma força como o Vox a capacidade de decidir sobre o governo da cidade mais importante de Espanha e uma das mais importantes do mundo”, advertiu o candidato socialista à câmara da capital, Pepu Hernandez.
O novo executivo municipal é apoiado pelo líder do PP, Pablo Casado, que disse acreditar que Madrid marca o início de uma mudança em Espanha. O líder dos Cidadãos, Albert Rivera, não se pronunciou ainda especificamente sobre o acordo em Madrid, mas, segundo a imprensa espanhola, foi advertido pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, de que uma eventual aliança a nível nacional com a extrema-direita pode pôr em causa a cooperação política entre ambos os partidos na União Europeia.
O partido de Macron que se apresentou às europeias de maio, Renascença em Marcha, aliou-se ao grupo dos liberais no Parlamento Europeu (PE), até agora denominado Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE) e doravante designado Renew Europe (Renovar a Europa). O Cidadãos integra a mesma família política, cuja principal delegação é a de Macron, com 21 eurodeputados.
Uma aliança em Espanha entre os liberais do “Ciudadanos e a extrema-direita colocaria em questão a cooperação política para construir um grupo centrista renovado no seio da União Europeia”, afirmou este sábado fonte da presidência francesa à agência AFP, que pediu confirmação de notícias nesse sentido surgidas na imprensa espanhola. “É preciso haver coerência ideológica. Um grupo progressista e liberal não pode permitir-se ser acusado de fraqueza ou de ambiguidade” pela aproximação a forças populistas, acrescentou a fonte.
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