Frasquilho: “Estão reunidas condições para que polémica de prémios na TAP não volte a acontecer”
Presidente da administração da TAP realça que presença do Estado no capital da empresa é "salvaguarda" para investidores, razão pela qual se verificou "tanto entusiasmo" pela emissão de obrigações.
Miguel Frasquilho, presidente do conselho de administração da TAP nomeado pelo Estado, assegura que a companhia aérea já criou os mecanismos necessários para se evitar uma nova polémica como as dos prémios milionários pagos a uma pequena percentagem de trabalhadores da empresa sem que os representantes dos contribuintes fossem informados.
“Foi uma situação que não devia ter acontecido, nas circunstâncias em que ocorreu. Estão garantidas as condições para que não volte a acontecer“, assegurou Frasquilho em entrevista à Rádio Renascença, no programa As Três da Manhã.
Em causa estão os prémios que a comissão executiva decidiu atribuir a 180 trabalhadores apesar da TAP ter registado 118 milhões de euros de prejuízos em 2018. Um pagamento que foi aprovado sem que o acionista Estado, dono de 50% da companhia, tivesse sido informado, no que foi visto pela tutela como um “desrespeito dos deveres de colaboração institucional”. Para que não se volte a repetir, os gestores, públicos e privados, concordaram em criar uma nova entidade na estrutura organizativa da transportadora.
“Foi criada uma comissão de Recursos Humanos onde todos esses assuntos serão debatidos de forma antecipada“, explicou Miguel Frasquilho à Renascença, sublinhando mesmo que a polémica até serviu para aproximar os dois acionistas da TAP. “Há também uma relação muito mais próxima hoje entre a comissão executiva e o conselho de administração para que não torne a acontecer aquilo que aconteceu”, garantiu o presidente do CA.
Apesar da proximidade crescente entre as partes reportada por Miguel Frasquilho, certo é que no recente apuramento do resultado da emissão obrigacionista da transportadora aérea, a comissão executiva fez questão de realçar que o sucesso da operação foi um sinal “da segurança dos mercados na competência da equipa TAP”, porque se endividou sem garantia estatal, ao passo que Alberto Souto de Miranda, Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, sublinhou que foi a “presença do Estado” na empresa que aumentou a “confiança do mercado na TAP”. Ideia com que Miguel Frasquilho concorda.
“Deve ser dito: A presença do acionista Estado na empresa também incute confiança no investidores, é uma salvaguarda que permitiu todo este entusiasmo à volta da emissão.” O presidente da Administração realçou também à Renascença que os investidores terão percebido que os maus resultados da empresa em 2018 “não comprometeram o plano estratégico” desenhado para a companhia.
“Encaro com normalidade um regresso aos lucros em 2019”
Miguel Frasquilho mostrou-se confiante face à evolução da operação da TAP ao longo do corrente ano, realçando que a empresa tem vindo a recuperar de um primeiro trimestre mais fraco, como é norma na aviação, “com as vendas para a segunda metade do ano a correr bem”, assegurando que a TAP vai ter “certamente um ano bastante melhor que 2018” e até possivelmente “positivo”.
“Tivemos um resultado positivo em 2017, portanto nesta trajetória que queremos que seja sustentadamente mais positiva ano após ano, a exceção foi 2019, logo encararia com alguma normalidade que 2019 pudesse ver o regresso aos resultados positivos“, rematou.
Já quanto à dispersão em bolsa de parte do capital da TAP, Miguel Frasquilho volta a assumir uma postura mais cautelosa que a manifestada por David Neeleman, acionista privado da TAP, e pelo CEO da companhia, Antonoaldo Neves, que na última semana garantiu que a TAP estará preparada para a entrada em bolsa já no próximo ano.
Frasquilho vem, assim, trazer alguma calma ao objetivo de ir buscar em encaixe em bolsa já no próximo ano. “A dispersão está prevista desde que a reconfiguração acionista foi delineada e a empresa está a ser preparada para esse evento, mas penso que é prematuro avançar com datas. Acontecerá no futuro, não sei se mais ou menos longínquo, mas será seguramente importante para o mercado de capitais português.”
Questionado sobre se tal operação poderia acontecer já em 2020, Frasquilho voltou a sublinhar o caráter prematuro de colocar uma data ao IPO. “É prematuro avançar com datas. A empresa está a fazer o seu caminho, tem um plano de transformação que está a ser virtuoso e que não foi comprometido pelos resultados do ano passado”, apontou.
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