França, Alemanha e Reino Unido preparam reunião de emergência após Irão anunciar incumprimento do acordo nuclear
Os três países da União Europeia que fazem parte do acordo nuclear do Irão preparam uma reunião de emergência depois de Teerão ter anunciado que o limite de enriquecimento de urânio será ultrapassado.
Os países da União Europeia que fazem parte do acordo sobre o nuclear do Irão estão a discutir a realização de uma reunião de emergência após o anúncio de que o limite de enriquecimento de urânio será ultrapassado este domingo.
Os países em causa são a França, o Reino Unido e a Alemanha que, em 2015, assinaram um acordo, em conjunto com a China, a Rússia, os Estados Unidos e o próprio Irão, após 12 anos de crise à volta do programa nuclear iraniano.
O bloco “está extremamente preocupado” com a decisão do Irão de aumentar o enriquecimento além do limite de 3,67%, afirmou hoje a porta-voz da UE, Maja Kocijancic.
Segundo avançou a porta-voz à agência Associated Press, Bruxelas está em contacto com as outras partes do acordo para discutir os próximos passos, incluindo “uma comissão conjunta”.
A comissão conjunta do acordo reúne autoridades dos países participantes e reúne habitualmente uma vez por trimestre. A sua última reunião aconteceu no final de junho.
O Reino Unido e Alemanha também tomaram posição, pedindo ao Irão para “parar imediatamente” o enriquecimento de urânio.
Afirmando estar “extremamente preocupado” a aguardar informações da Agência Internacional de Energia Atómica, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros pediu ao Irão que “pare e reverta todas as atividades inconsistentes com os seus compromissos”.
O apelo foi secundado por Londres, que, em comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, garantiu que o Reino Unido continua a considerar o acordo válido: “O Irão violou os termos do acordo internacional [sobre energia nuclear no Irão] de 2015. Como o Reino Unido continua totalmente comprometido com o acordo, o Irão deve parar imediatamente e cancelar todas as atividades contrárias às suas obrigações”.
"O Irão violou os termos do acordo internacional [sobre energia nuclear no Irão] de 2015. Como o Reino Unido continua totalmente comprometido com o acordo, o Irão deve parar imediatamente e cancelar todas as atividades contrárias às suas obrigações.”
Também o primeiro-ministro de Israel já tinha lançado um apelo sobre a questão, pedindo às potências mundiais que apliquem “sanções imediatas” ao Irão assim que for ultrapassado o nível de enriquecimento de urânio previsto pelo acordo nuclear.
Para Benjamin Netanyahu, o enriquecimento de urânio acima do limitado no acordo de 2015 só pode ter como objetivo a criação de bombas atómicas, pelo que os líderes ocidentais devem cumprir o combinado e impor sanções ao Irão “no preciso momento” em que os valores acordados forem ultrapassados.
O Irão confirmou hoje que ultrapassará “nas próximas horas” o nível de enriquecimento de urânio permitido pelo acordo nuclear de 2015, referindo que só falta acertar alguns detalhes técnicos. O acordo do nuclear não permite que o Irão enriqueça mais do que 3,67% o urânio.
A Agência Internacional de Energia Atómica garantiu que está a monitorizar o nível do enriquecimento de urânio pelo Irão e avisará a sua sede, em Viena, “assim que se verificar o desenvolvimento anunciado”.
Segundo o documento, o Irão compromete-se a não se dotar de bomba atómica e a limitar drasticamente as suas atividades nucleares em troca do levantamento de sanções internacionais que asfixiavam a sua economia.
Em maio de 2018, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu retirar-se unilateralmente do acordo e restabelecer sanções ao Irão, incluindo no setor petrolífero.
Trump justificou a saída deste pacto ao acusar o Irão de nunca ter renunciado a dotar-se de uma arma atómica (enquanto Teerão sempre desmentiu esta acusação) e de ser a origem de todos os problemas no Médio Oriente.
As novas sanções dos EUA provocaram uma fuga das empresas estrangeiras do Irão, que tinham regressado após o acordo, fazendo cair a economia iraniana numa grave recessão.
Um ano depois, o Irão, considerando que tinha sido muito paciente, mas que os restantes signatários não tinham tomado qualquer medida face à decisão dos EUA, resolveu quebrar o compromisso e anunciou que iria voltar a investir no enriquecimento de urânio.
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