Juros do BCE podem custar 5,6 mil milhões à banca europeia

Deustche Bank e Monte dei Paschi serão os bancos mais penalizados com quebras de 42% e 37% nos lucros. O BCP não se aproxima destes níveis, mas pode perder 8% dos resultados com taxas mais baixos.

Os lucros da banca deverão sofrer um novo golpe, caso o Banco Central Europeu (BCE) corte ainda mais o juro dos depósitos. O Goldman Sachs antecipa que esse passo seja dado em setembro, retirando, em média, 6% aos lucros de 32 bancos na Zona Euro. O BCP não só é incluído neste grupo como o impacto deverá ser superior ao da média.

“A perspetiva de um corte nas taxas de juro para terreno ainda mais negativo representa uma grande adversidade para os bancos da Zona Euro”, alerta o Goldman Sachs numa nota de research enviada esta quinta-feira. O banco de investimento norte-americano antecipa um corte de 20 pontos base na taxa de juro de depósitos, face aos atuais -0,40%. Ou seja, poderá passar para -0,60%.

Assim, se os bancos já têm de pagar pelo dinheiro que têm depositado junto do BCE, poderão passar a pagar ainda mais. O objetivo é estimular a liquidez na economia, mas os juros têm penalizado fortemente as contas dos bancos e o problema não parece próximo do fim.

Caso a taxa de juro de depósito caia para o novo mínimo histórico de -0,60%, “o impacto para os bancos que cobrimos situar-se-ia em 5,6 mil milhões de euros“, alerta o Goldman Sachs, que estima uma perda de 3% na margem líquida de juros, 6% nos lucros e 0,6 pontos percentuais no rácio de capital próprio.

O alemão Deustche Bank (42%) e o italiano Monte dei Paschi di Siena (37%) são os bancos mais penalizados nos lucros, enquanto o BCP não se aproxima destes níveis, mas fica ainda assim acima da média.

Preços-alvo cortados em 6%

Um corte de 20 pontos base na taxa de depósito poderia limpar 8% dos lucros do banco liderado por Miguel Maya. Face à expectativa média, dos analistas que seguem a ação, de um lucro de 448,3 milhões de euros no final de dezembro, poderia significar uma quebra de 35,8 milhões.

Por um lado, se o BCE decidir aplicar um sistema por níveis (para minimizar o impacto para os bancos), então a redução pode ser de apenas 7%. No caso de o juro afundar até -1,4%, então o lucro do BCP poderá reduzir-se em 39%.

Caso o corte na taxa seja de 100 pontos base (para -1,4%), quatro dos 32 bancos europeus que cobrimos iriam registar perdas, outros quatro iriam atingir o break-even e apenas um quarto do setor estaria em posição de cobrir o seu custo de capital (com rácios de capital próprios acima de 10%)”, explica o Goldman Sachs.

Acrescentou que os bancos cuja rentabilidade está mais em risco agregam dois elementos: um número elevado de clientes de retalho e baixos níveis de rentabilidade.

Face a este risco, o Goldman Sachs reviu em baixa o preço-alvo das ações de quase três dezenas de bancos na Zona Euro, em média em 6%. No caso do BCP, o preço-alvo atual situa-se em 0,30 euros (face ao anterior 0,31 euros), o que representa, ainda assim, um potencial de valorização de 6% em relação à cotação de fecho da última sessão (0,28 euros) na bolsa de Lisboa.

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